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Embaixada do Irã questiona capacidade do Brasil de receber sentenciada à morte

Brasília - O governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sugeriu hoje (16) que o Brasil crie uma área própria para abrigar "criminosos e assassinos" estrangeiros. Em nota oficial, divulgada pela Embaixada do Irã em Brasília, o governo iraniano pergunta se a proposta de oferecer asilo a sentenciados não ameaça a sociedade brasileira. A reação é […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - O governo do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sugeriu hoje (16) que o Brasil crie uma área própria para abrigar "criminosos e assassinos" estrangeiros. Em nota oficial, divulgada pela Embaixada do Irã em Brasília, o governo iraniano pergunta se a proposta de oferecer asilo a sentenciados não ameaça a sociedade brasileira.

A reação é uma resposta à oferta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que Ahmadinejad envie para o Brasil a mulher condenada à morte por apedrejamento.

"Será que a sociedade brasileira e o Brasil têm que ter, no futuro, um lugar dos criminosos de outros países em seu território? Se a concessão do exílio aos criminosos e assassinos tornar-se um hábito para os países, será que isso não prejudicará o papel dos sistemas jurídicos desses países?", indaga a nota.

A viúva Sakineh Ashtiani, de 43 anos, mãe de dois filhos, foi condenada por ter mantido relações sexuais com dois homens, depois da morte do marido. Também há a acusação de assassinato. Ashtiani e a família negam as acusações. O caso gerou repercussão internacional e o presidente Lula ofereceu o Brasil para acolhê-la.

A nota, divulgada hoje pela embaixada, tem dez parágrafos. Nela, o governo iraniano reitera as acusações à viúva informando que ela matou o marido durante o banho com uma injeção letal e choque elétrico. Também diz que o presidente Lula é alvo de pressões internacionais que querem afetar as relações entre Brasil e Irã.

Na semana passada, o embaixador do Irã no Brasil,  Mohsen Shaterzadeh, negou que o governo iraniano tivesse recebido a pedido oficial de asilo ou refúgio político destinado à viúva. Segundo ele, a oferta jamais foi feita a autoridades iranianas.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o embaixador do Brasil no Irã, Antonio Salgado, confirmaram que houve um pedido oral formal ao governo iraniano para o envio da mulher para o Brasil. O caso provocou um mal-estar entre as diplomacias dos dois países.

Na nota oficial, os iranianos ratificam os elogios a Lula. "A República Islâmica do Irã considera as declarações e o apelo de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Sakineh Mohammadi ao Irã um pedido de um país amigo, baseado nos sentimentos puramente humanitários".

Segundo a nota, a oferta de Lula representa a característica principal do presidente: "O espírito do presidente Lula que busca pela justiça". Em seguida, a embaixada informa que por esta razão apresentou, por meio da nota, os esclarecimentos ao governo brasileiro.

"Ao enfatizar a necessidade de respeitar os valores, as crenças, os princípios e preceitos regligiosos das sociedades, acreditamos que o conhecimento dos países desses princípios poderia contribuir e desempenhar um papel importante em amenizar prováveis mal entendidos e na criação de uma convivência pacífica", informa o documento.

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