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Embaixada americana deve ser instalada em Jerusalém antes de 2020

Declaração foi feita pelo vice-presidente americano, Mike Pence, apesar da ira dos palestinos e da desaprovação internacional

Mike Pence, sobre Jerusalém: Trump corrigiu "uma injustiça que já ocorre há 70 anos" (Ariel Schalit/Reuters)

Mike Pence, sobre Jerusalém: Trump corrigiu "uma injustiça que já ocorre há 70 anos" (Ariel Schalit/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de janeiro de 2018 às 18h18.

O vice-presidente americano, Mike Pence, assegurou nesta segunda-feira (22) no Parlamento israelense, em meio a aplausos, que a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém abrirá antes do final de 2019, apesar da ira dos palestinos, que boicotaram a visita, e da desaprovação internacional.

Sinal da comoção e divisão que o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel continua a semear, uma dúzia de deputados da coalizão de partidos árabes (de 120 parlamentares) começou a gritar e levantar cartazes proclamando Jerusalém como capital da Palestina, até que foram expulsos da Knesset por agentes da segurança.

A liderança palestina denunciou rapidamente o "discurso messiânico" de Pence, que reflete que "a administração americana faz parte do problema e não da solução". Ao mesmo tempo, o presidente palestino, Mahmud Abbas, procurava apoios em Bruxelas.

Aplaudido pelos israelenses, vilipendiado pelos palestinos, Pence chegou no domingo à noite em Jerusalém para uma visita de menos de 48 horas marcada pela decisão anunciada em 6 de dezembro pelo presidente americano, Donald Trump, sobre a cidade santa.

Esta ruptura unilateral com décadas de diplomacia americana e com o consenso internacional provocou a ira dos palestinos e manifestações no mundo árabe e muçulmano. Dezoito palestinos e um israelense morreram pela violência desatada desde então.

Em 6 de dezembro, Trump corrigiu "uma injustiça que já ocorre há 70 anos", declarou Pence.

Referências bíblicas

"Jerusalém é a capital de Israel" e o presidente Trump ordenou a mudança da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém, disse. "A embaixada dos Estados Unidos abrirá antes do final do ano que vem" em Jerusalém, afirmou, deliciando os deputados israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e os membros do governo.

Para os palestinos, a decisão de Trump alcançou o ponto mais alto de sua atitude pró-israelense demonstrada durante seu primeiro ano no poder, desacreditando os Estados Unidos como mediador dos esforços de paz.

Os líderes palestinos decidiram ignorar Pence que, excepcionalmente, não vai encontrar nenhum deles durante esta etapa final de sua primeira viagem pela região. Antes esteve em Egito e Jordânia.

Pence é um fervoroso evangelista e sua influência parece ter sido preponderante na decisão de Trump, amplamente interpretada como uma concessão a este importante eleitorado para o presidente.

"Nós instamos fortemente à liderança palestina que retorne à mesa" de negociações, disse Pence em um discurso cheio de referências bíblicas e exaltando a criação do Estado de Israel. "A paz só pode ser alcançada por meio do diálogo", ressaltou.

Ao mesmo tempo, o presidente palestino pedia em Bruxelas aos 28 Estados-membros da União Europeia, "verdadeira parceira e amiga", a reconhecer "rapidamente" a Palestina como um Estado independente.

"Profunda gratidão"

O estatuto de Jerusalém é uma das questões mais difíceis do conflito israelense-palestino. Israel ocupou à força Jerusalém Oriental em 1967, a anexou e declarou sua capital indivisível. Para a ONU, a anexação é ilegal e os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a capital do Estado ao qual aspiram.

No passado, Trump expressou seu desejo de presidir o acordo diplomático "definitivo", que seus antecessores não alcançaram. Pence reafirmou o compromisso do presidente neste sentido, ou seja, que apoia a criação de um Estado palestino "se for acordado entre as duas partes".

O discurso de Pence foi uma declaração de apoio inabalável a Israel, que enfrenta múltiplas ameaças na região.

Ele voltou a atacar o Irã e o acordo alcançado em 2015, sob a administração de Barack Obama, entre as principais potências e a República Islâmica sobre as atividades nucleares de Teerã.

Este acordo é um "desastre" e os Estados Unidos se desvincularão "imediatamente" se não for alterado, ressaltou.

Os Estados Unidos "nunca permitirão que o Irã adquira uma arma nuclear", garantiu.

O primeiro-ministro israelense, por sua vez, fez uma série de elogios e reconhecimento à administração Trump, assegurando que Israel nunca teve tanto apoio da Casa Branca.

"Falo em nome de quase todos, coalizão e a oposição juntos, sobre a profunda gratidão do povo de Israel ao presidente Trump e a você por uma decisão histórica que nunca esqueceremos", afirmou.

Organizações palestinas convocaram manifestações e uma greve geral na terça-feira.

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