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Em vídeo inédito, filha de Roriz recebe propina no DF

O vídeo, o 31º da chamada "coleção da corrupção no DF", mostra Jaqueline Roriz recebendo e enfiando um maço de R$ 50 mil numa mochila

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2011 às 18h07.

São Paulo - Uma fita de vídeo inédita, em análise no Ministério Público, mostra a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), junto com o marido, Manoel Neto, recebendo um maço de dinheiro das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais do governo do Distrito Federal, Durval Barbosa. Com duração de 2 minutos e 50 segundos, o vídeo foi gravado na campanha eleitoral de 2006, na sala de Barbosa, delator do escândalo de corrupção, desmantelado pela operação Caixa de Pandora, que derrubou o governador José Roberto Arruda.

O jornal O Estado de S.Paulo teve acesso à fita e há uma semana tem tentado falar com a deputada, que foi procurada em seu gabinete, na residência e por telefone. Avisada do teor do vídeo a assessoria da deputada disse que ela estava em viagem e não respondeu. Ela sempre negou com veemência qualquer envolvimento dela e do pai, o ex-governador Joaquim Roriz, no esquema. Em discurso, em abril passado, ela chamou de "cara de pau" a deputada Eurides Brito, cassada após a divulgação de vídeo em que aparece recebendo propina de Barbosa e enfiando o dinheiro numa bolsa de couro.

O vídeo, o 31º da chamada "coleção da corrupção no DF", mostra o casal recebendo e enfiando um maço de R$ 50 mil numa mochila, reclamando que o valor estava abaixo do combinado e negociando novas contribuições para a campanha de Jaqueline, que se elegeu deputada distrital naquele ano. "Rapaz, não é fácil ser candidato. Resolve isso para mim cara!", apela Neto, ao ser avisado de que a quantia ficaria entre três e cinco remessas e não seis, como combinado.

Jaqueline e o marido demonstram satisfação quando veem Barbosa colocar o maço de notas de R$ 100 sobre a mesa. Mas, com certa arrogância, reclamaram do valor, supostamente abaixo do combinado e tratam Barbosa um empregado relapso. "Como só cinco?... Eu preciso de mais, por favor! Porque isso aí, para nos é muito complicado de fazer", queixa-se Neto. Mais adiante, Jaqueline explica as dificuldades de campanha e indaga: "Tem possibilidade de você aumentar (o valor) para mim?".

- Vamos ver - responde Barbosa.

A seguir, ela explica porque precisará de mais contribuição: "tem cinco pessoas que estão já nos ajudando. Isso enquanto não começa... não aconteceu nada ainda". Num diálogo entrecortado, ela conta que vários colaboradores, "como o Rogério, da CEB", prometeram ajuda, mas falharam - "até agora, nada", diz.

Até agora, Barbosa, que montou e operava o esquema de corrupção desde 2002, no governo Roriz, vinha preservando o antigo chefe e só havia delatado o governo Arruda, que o promovera a secretário de estado para continuar operando a arrecadação de propina para o chamado mensalão do DEM. Roriz nega que a organização do esquema venha desde o seu governo.

Ex-delegado de polícia ligado à comunidade de informações e especialista em grampeamento de conversas, Durval gravava tudo em áudio e vídeo, em sigilo. Alvo de mais de 20 processos na Justiça, ele fez o acordo de delação premiada em setembro de 2009, quando passou a ajudar a polícia e o Ministério Público. Como o benefício da delação é proporcional à colaboração, agora Barbosa começou a entregar o lado poupado.

Graças à sua colaboração, Jaqueline poderá ser a primeira parlamentar processada na atual legislatura. O Ministério Público avaliava processar a deputada em duas frentes, uma delas é criminal e estará a cargo do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Mas já é certo que procuradores do DF e Territórios vão processá-la por improbidade na frente cível. O vídeo deve ser encaminhado nos próximos dias para perícia no Instituto de Criminalística da Polícia Federal.

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