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Em vez de jogarem dama, idosos estão roubando bancos

As taxas de criminalidade entre os idosos estão subindo no Reino Unido, e um assalto no qual os ladrões fugiram com US$ 15,5 milhões é um bom exemplo disso


	Assaltante idoso: alguns dos suspeitos presos pela polícia estão na casa dos 75 anos
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Assaltante idoso: alguns dos suspeitos presos pela polícia estão na casa dos 75 anos (jdwfoto/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2015 às 17h06.

Os tabloides ingleses se agitaram após um dramático assalto recente no Hatton Garden, o bairro londrino dos diamantes, em que os ladrões fugiram com mais de 10 milhões de libras (US$ 15,5 milhões) em dinheiro e pedras preciosas de um cofre fortemente protegido.

Segundo uma das teorias, a gangue usou um contorcionista que se deslizou para dentro do cofre. Outros sustentaram que um gênio do crime de 30 e poucos anos, conhecido como “Rei dos Diamantes”, havia arquitetado o assalto.

Mas quando a polícia prendeu nove suspeitos, o mais impressionante do grupo não era sua destreza física, nem seu brilho vil. Era a idade.

O suspeito mais jovem do caso tinha 42 anos e a maioria era muito mais velha, incluindo dois homens na casa dos 75 anos.

Em uma audiência preliminar, no dia 21 de maio, um dos suspeitos disse que não conseguia entender as perguntas do oficial de justiça porque tinha dificuldades de audição. Um segundo suspeito, de 59 anos, mancava claramente.

Os jovens ainda cometem uma parcela desproporcional dos crimes na maioria dos países.

Mas as taxas de criminalidade entre os idosos estão subindo na Grã-Bretanha e em outros países europeus e asiáticos, somando uma nova e preocupante dimensão ao problema do envelhecimento populacional.

Os idosos dos países desenvolvidos tendem a ser “mais assertivos, menos submissos e mais focados nas necessidades sociais e econômicas” do que as gerações anteriores, diz Bas van Alphen, professor de Psicologia da Universidade Livre de Bruxelas, que estuda o comportamento criminoso entre os idosos.

Taxa de pobreza

As crescentes taxas de pobreza entre os idosos estão sendo culpadas em alguns países. É o caso da Coreia do Sul, onde 45 por cento das pessoas acima dos 65 anos vivem abaixo da linha da pobreza, a taxa mais alta entre os 30 países desenvolvidos que pertencem à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

“O governo deveria fazer um esforço enorme para expandir os benefícios sociais e oferecer emprego e moradia para os idosos”, disse o jornal Korea Times em um editorial, neste mês, alertando que até 2026 mais de 20 por cento da população do país terá mais de 65 anos.

A “Opa Bande” (“Gangue dos Vovôs”), formada por três homens alemães na casa dos 60 e dos 70 anos, foi condenada em 2005 pelo roubo de mais de 1 milhão de euros (US$ 1,09 milhão) de 12 bancos.

Eles disseram em depoimento, no julgamento, que estavam tentando completar suas pensões. Um dos réus, Wilfried Ackermann, disse que usou a parte que lhe coube para comprar uma fazenda onde poderia morar, porque temia ser colocado em um asilo.

Richard Hobbs, sociólogo da Universidade de Essex que estuda os crimes na Grã-Bretanha, diz que o submundo do crime no país mudou drasticamente nos últimos anos.

Em vez de se reunirem em pubs ou nas esquinas, muitos criminosos atualmente vivem vidas aparentemente normais, mantêm famílias e tocam negócios legítimos. Eles ainda participam de crimes, mas apenas com sócios de confiança. “Eles não se veem como criminosos, mas como homens de negócios”, diz Hobbs.

Isso torna mais fácil para os idosos seguirem no jogo. Os criminosos mais velhos muitas vezes têm extensas redes de contatos para chamar em caso de uma especialidade necessária, diz Hobbs.

E algumas habilidades essenciais, como a lavagem de dinheiro, não exigem força física.

Os crimes geriátricos, contudo, apresentam desafios especiais.

Durante o julgamento da “Gangue dos Vovôs” da Alemanha, os velhinhos relataram como o corréu Rudolf Richter, de 74 anos, quase arruinou um assalto a um banco, em 2003, quando escorregou em um pedaço de gelo, atrasando a operação porque os outros tiveram que ajudá-lo a entrar no carro de fuga.

E o ladrão septuagenário tinha outro problema, contou o corréu Ackermann no tribunal: “Precisávamos parar o tempo todo para que ele pudesse urinar”.

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