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Em uma crise política que não tem fim, Itália pode convocar novas eleições

Indicação vem depois de o presidente rejeitar a lista de ministros da coalizão entre a Liga e M5S com sugestão de ministro eurocético e crítico do euro

ex-funcionário sênior do Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlo Cottarelli (Tony Gentile/Reuters)

ex-funcionário sênior do Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlo Cottarelli (Tony Gentile/Reuters)

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EFE

Publicado em 28 de maio de 2018 às 09h26.

Última atualização em 28 de maio de 2018 às 09h32.

Roma -  O economista Carlo Cottarelli, que nesta segunda-feira recebeu a incumbência do presidente da Itália, Sergio Mattarella, de formar governo no país, explicou que, se seu Executivo não obtiver o voto de confiança do parlamento, haverá novas eleições depois do mês de agosto.

O ex-dirigente do Fundo Monetário Internacional (FMI) explicou que aceitou a incumbência de Mattarella para apresentar um programa de governo que leve o país a novas eleições em 2019.

Cottarelli acrescentou que apresentará em breve ao chefe de Estado o seu Executivo, mas que, caso não consiga a confiança do parlamento, renunciará imediatamente e seguirá apenas exercendo as funções urgentes até as eleições que serão convocadas para depois de agosto.

Crise política na Itália

A nova decisão de Mattarella foi tomada depois que ele rejeitou assinar ontem a lista de ministros do governo de coalizão entre a Liga Norte, de extrema-direita, e o antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S), devido à presença do eurocético e crítico do euro, Paolo Savona, de 81 anos, como ministro da Economia.

Cottarelli é conhecido por ter sido um comissário extraordinário para a redução dos gastos públicos em 2013 no governo de Enrico Letta e explicou que a sua missão será aprovar a lei orçamentária e "conduzir o país para novas eleições no princípio de 2019".

"Caso não consiga a confiança, o governo renunciará imediatamente e seu papel será o da administração ordinária até as eleições depois do mês de agosto", esclareceu o economista, que também se comprometeu, assim como o restante do Executivo que ele vai apresentar, a ficar à margem da campanha política.

O encarregado de formar governo quis fazer algumas ressalvas como "economista" e garantiu que seu governo "realizará uma gestão prudente das contas públicas", ao lembrar como aumentou nos últimos dias a tensão sobre a economia italiana com o aumento do prêmio de risco.

O prêmio de risco, que mede o diferencial entre os títulos da dívida italiana e alemã com vencimento em dez anos, superava os 220 pontos básicos.

Cottarelli também explicou a necessidade de implementar "um diálogo construtivo" com a Europa, como país fundador, mas em defesa dos interesses da Itália, assim como assegurou que é essencial que o país continue na zona do euro.

A missão do "governo do presidente", como está sendo chamado, será difícil, pois ele precisará superar o voto de confiança no parlamento, já que tanto a Liga como o M5S, assim como o Forza Italia de Silvio Berlusconi, declararam que não votarão nele.

Cottarelli nasceu em Cremona em 1954 e é atualmente diretor do Observatório sobre as Contas Públicas da Universidade Católica de Milão.

O economista foi diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI) até 2013, quando o então chefe de governo italiano, Enrico Letta, o indicou como comissário para implementar um plano de redução de gastos públicos, um cargo que ele manteve até a nomeação de Matteo Renzi como primeiro-ministro.

Cottarelli é um dos economistas mais críticos em relação ao programa econômico assinado pela Liga e o M5S.

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