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Em última viagem, Kerry reafirma laços entre EUA e Vietnã

A política asiática da presidência Obama está ameaçada pela chegada iminente ao poder de Donald Trump

EUA: Kerry insistiu no fato de que o livre intercâmbio permite criar empregos (Reuters)

EUA: Kerry insistiu no fato de que o livre intercâmbio permite criar empregos (Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de janeiro de 2017 às 13h52.

O secretário de Estado americano, John Kerry, defendeu nesta sexta-feira no Vietnã, em sua última viagem em uma região considerada estratégica por Washington, a política asiática da presidência Obama, ameaçada pela chegada iminente ao poder de Donald Trump.

Durante oito anos, este país do sudeste asiático esteve no coração da estratégia para a região Ásia-Pacífico de uma política externa com a qual Washington tenta contrabalançar a influência da China na região.

A peça-chave desta política é a assinatura do tratado de livre comércio transpacífico (TPP), entre os países banhados pelo Pacífico. Um acordo questionado pelo presidente eleito americano, Donald Trump.

Trump, que multiplicou suas críticas à globalização durante a campanha eleitoral, prometeu iniciar, desde o primeiro dia de seu mandato, a retirada dos Estados Unidos do TPP. Para ele, trata-se de um acordo terrível que viola os interesses dos trabalhadores americanos.

"Não é segredo hoje dizer que o futuro do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica é incerto", reconheceu John Kerry em Ho Chi Minh-Ville (ex-Saigon), capital econômica do Vietnã.

"Não posso prever o que a nova administração americana fará realmente em matéria comercial, mas posso dizer que as razões do TPP não mudaram", acrescentou.

Kerry insistiu no fato de que o livre intercâmbio permite criar empregos e que "as políticas comerciais protecionistas não funcionarão".

Em sua quarta e última visita ao país como secretário de Estado, o veterano da guerra do Vietnã também fez desta viagem um evento pessoal. Após encontros oficiais em Hanoi e em Cidade Ho Chi Minh, Kerry viajará a Ca Mau, o local de uma emboscada da qual participou em 1969.

Kerry, que serviu no Vietnã entre 1967 e 1970 como comandante de um navio de patrulha, retornou repleto de medalhas, mas transformado em um grande cético sobre o intervencionismo militar.

Durante uma década, os Estados Unidos e o Vietnã do Norte se enfrentaram militarmente em um conflito que terminou em 1975 com a reunificação do Vietnã. O conflito terminou com milhões de vietnamitas e dezenas de milhares de soldados americanos mortos, o que traumatizou os dois países.

Nos últimos meses, o comércio entre os dois países triplicou e os investimentos americanos neste país de 90 milhões de habitantes e em pleno crescimento aumentaram fortemente.

"A visita de Kerry destaca a importância do Vietnã na política americana na Ásia", avaliou Jonathan London, analista independente.

Ao chegar, Kerry evocou os direitos humanos no país com regime comunista depois de um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Bui Thanh Son, e o primeiro-ministro, Nguyen Xuan Phuc.

Desde a reunificação, o Vietnã é dirigido por um governo comunista. O país é denunciado regularmente pela repressão da oposição política. Dezenas de dissidentes estão detidos.

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