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Morales pede decência, humildade e compromisso à esquerda

Para Morales, a política para nós não pode ser nem negócio nem lucro. Deve ser serviço


	O presidente da Bolívia, Evo Morales: a política para nós não pode ser nem negócio nem lucro.
 (REUTERS/Heinz-Peter)

O presidente da Bolívia, Evo Morales: a política para nós não pode ser nem negócio nem lucro. (REUTERS/Heinz-Peter)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2013 às 16h25.

São Paulo - O presidente da Bolívia, Evo Morales, encerrou neste domingo as sessões do XIX Foro de São Paulo, que reuniu diversos partidos de esquerda da América Latina e aos quais pediu 'decência', 'humildade' e um 'compromisso' com o socialismo.

'A política para nós não pode ser nem negócio nem lucro. Deve ser serviço', declarou Morales em frente a cerca de 600 delegados que participaram da jornada da encerramento do fórum, que foi realizado nos últimos dias em São Paulo, onde o encontro nasceu há 23 anos.

O presidente boliviano falou sobre alguns dos 'problemas' que observa em setores de esquerda, que não identificou, alertou sobre 'tentações' e 'incongruências' que não podem ser toleradas em um 'socialista' ou um 'revolucionário' e apresentou o que quase poderia ser considerado como um 'manual de conduta esquerdista'.

Morales lamentou que na América Latina existam 'alguns partidos de esquerda que se dizem socialistas sem sê-lo' e afirmou que, na Bolívia, a 'luta não foi só para nos libertar da direita, mas também do sectarismo de alguns partidos de esquerda'.

O líder boliviano falou da 'responsabilidade' que têm tanto os partidos como os governos de esquerda que existem na América Latina e também dos 'erros' que não podem ser permitidos.

'Alguns chegam a ser presidentes, depois há corrupção e o povo está irritado pela corrupção', declarou, sem citar ninguém e sem esclarecer se se referia a alguém concretamente.

Morales afirmrou que está 'convencido que se em um país, por mais que tenha um governo de esquerda, faltam alimentos, energia ou há problemas econômicos, não há governos que possam suportar os levantes dos povos'.


O político também citou problemas de 'diálogo' com os jovens que têm alguns partidos progressistas e os atribuiu às 'ânsias de poder' de muitos políticos.

'Cuidado com esse tema. Assumir a responsabilidade de ganhar eleições para alguns é o poder político, mas a política não é poder. É a ciência de servir aos povos. E às vezes há abusos de poder e autoridade, e os povos estão cansados de abusos', disse.

'Se os partidos ou governantes de esquerda só pensam nas próximas eleições, estão equivocados. Os partidos de esquerda devem pensar nas próximas gerações, não eleições', ressaltou.

Evo também pediu 'humildade' aos políticos em todos os aspectos da vida e até criticou 'as autoridades que mudam de roupa três ou quatro vezes por dia. Se somos socialistas, devemos nos descolonizar do luxo', afirmou.

Morales declarou que esses 'conselhos' eram necessários porque 'se os presidentes de esquerda fracassarem em um país, então não haverá avanços nos processos de libertação dos povos, que são a obrigação da esquerda' latino-americana.

Além dessas advertências, ele citou as denúncias surgidas nos últimos meses sobre possíveis atentados contra líderes, como o venezuelano Nicolás Maduro, e pediu à esquerda 'para que cuide da vida dos governantes progressistas'.

Antes do discurso de Morales, que encerrou as sessões do Foro de São Paulo, a presidente da Assembleia Nacional do Equador, Gabriela Rivadeneira, leu a declaração final da reunião, que destaca que a 'América Latina e o Caribe vivem uma época de mudanças e uma mudança de época'.

O documento afirma que 'o processo de mudança ainda está se consolidando' e que 'falta muito caminho', por isso pediu aos partidos de esquerda que 'construam alternativas' para manter os 'planos de combate à pobreza e a distribuição de renda' entre os mais pobres.

Ao concluir seu discurso, Morales convidou os partidos que fazem parte do Foro de São Paulo a assistir à 20ª edição do evento, que acontecerá no ano que vem na cidade boliviana de Cochabamba.

'Após 23 anos de existência do Foro, finalmente se põe fim à exclusão, e a Bolívia será sede pela primeira vez', declarou Evo em tom de piada o líder.

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