Mundo

Em plena tensão com extrema-direita, migrante é condenado na Alemanha

O réu afegão, que teve seu pedido de asilo negado, pode ser condenado a até 15 anos de prisão por matar uma adolescente de 15 na região de Chemnitz

Protesto anti-racista na Alemanha (Hannibal Hanschke/Reuters)

Protesto anti-racista na Alemanha (Hannibal Hanschke/Reuters)

A

AFP

Publicado em 3 de setembro de 2018 às 13h03.

Landau in der Pfalz - A Justiça da Alemanha condenou nesta segunda-feira (3) um demandante de asilo a oito anos e meio de prisão acusado de matar uma adolescente de 15 anos, um caso que a extrema-direita usou, como outro crime na região de Chemnitz, para fazer campanha contra os estrangeiros.

O caso que comoveu a Alemanha tem como culpado um jovem solicitante de asilo, que teve seu pedido rejeitado.

O réu, que afirma ser afegão - informação que as autoridades não conseguiram confirmar -, poderia ser condenado a até 15 anos de prisão no julgamento, que aconteceu no tribunal de Landau, sudoeste da Alemanha.

Em 2017, ele matou a ex-namorada com várias facadas em um pequeno mercado na cidade de Kandel, onde havia comprado a arma que usou no crime.

O homem reconheceu o ataque e expressou arrependimento durante o processo. A acusação considera que o migrante chegou sozinho ao país e agiu por "ciúme" depois que a adolescente encerrou o relacionamento.

Identificado como Abdul D., o jovem demandante de asilo compareceu a uma jurisdição para menores de idade a portas fechadas, porque afirmou que tinha 15 anos no momento do crime. Um especialista, no entanto, avaliou sua idade entre 17 e 20 anos. Diante da dúvida, os juízes renunciaram a uma jurisdição para adultos.

O fato aconteceu em 27 de dezembro de 2017. De acordo com várias testemunhas, o acusado perseguiu a ex-namorada, Mia, até o interior de um estabelecimento comercial de Kandel. Ele esfaqueou a vítima sete vezes e foi detido por pedestres.

Campanha contra Merkel

O assassinato é parte de uma série de agressões muito divulgadas na Alemanha que envolveram solicitantes de asilo, o que alimentou a revolta de parte da população contra os migrantes e contra a chanceler alemã, Angela Merkel.

A chefe de Governo se tornou o principal alvo da extrema-direita, que a acusa de ter provocado um aumento da insegurança ao abrir as portas do país a mais de um milhão de solicitantes de asilo entre 2015 e 2016.

O partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), que conseguiu entrar na Câmara dos Deputados no ano passado, usa o crime de Kandel para insistir em sua mensagem contra os migrantes, com cartazes e protestos.

Desde o início do ano, o AfD organiza com frequência manifestações em Kandel, a mais recente delas no sábado. Em alguns casos foram registrados atos de violência.

O AfD lidera uma campanha em todo o país contra as agressões com faca em cidades da Alemanha, que atribui em grande parte aos solicitantes de asilo. Algo que não é respaldado pelas estatísticas da polícia.

O exemplo mais recente é o de Chemintz, na região leste da Alemanha, onde a extrema-direita organiza manifestações há uma semana para denunciar a criminalidade dos migrantes, depois da morte a facadas de um alemão de 35 anos.

Neste caso, a polícia prendeu um jovem iraquiano solicitante de asilo e um sírio como suposto cúmplice.

No sábado, 18 pessoas ficaram feridas em Chemintz à margem de manifestações antagônicas que reuniram milhares de pessoas, entre simpatizantes da extrema-direita e militantes de extrema-esquerda. Um jovem afegão foi agredido.

Um show de rock contra a xenofobia está programado para esta segunda-feira na cidade com o lema "Nós somos mais".

A mobilização contra os migrantes dá frutos em termos eleitorais. De acordo com pesquisas recentes, o AfD tem 16% das intenções de voto, o que significa o terceiro lugar, praticamente empatado com o Partido Social-Democrata (17%).

Acompanhe tudo sobre:AlemanhaImigraçãoProtestos no mundo

Mais de Mundo

Putin propõe marcar conversas de paz diretas com Ucrânia em 15 de maio

Trump pede 20 mil novos policiais para reforço nas deportações de imigrantes

Trump diz que houve 'reset total' e 'grande progresso' em negociação de tarifas com a China

Museu, balé e catedral: saiba qual foi a programação da visita de Janja à Rússia