Agência de notícias
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 16h41.
Com o presidente venezuelano Nicolás Maduro acusado pelos Estados Unidos de chefiar uma rede de narcotráfico, quem representará o país nesta sexta-feira na Assembleia Geral da ONU será o chanceler Yván Gil. A decisão reflete a pressão internacional sobre Maduro, alvo de denúncias formais por parte do governo de Donald Trump de "narcoterrorismo", e a crescente tensão entre os dois países.
Mais cedo, em uma reunião paralela à Assembleia Geral, Gil endureceu o tom contra Washington, acusando os Estados Unidos de preparar "uma agressão" contra a Venezuela.
Em agosto, os Estados Unidos mobilizaram oito navios de guerra no Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico e disseram ter destruído ao menos quatro embarcações de supostos narcotraficantes em águas próximas à Venezuela, em ataques que deixaram 14 mortos.
Segundo o chanceler, a operação americana tem objetivos políticos e econômicos claros: "apoderar-se dos recursos naturais" da Venezuela — que possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo — e "promover uma mudança de regime" em Caracas.
— Devo alertar este Grupo de Amigos que um ataque contra a Venezuela está sendo preparado com força, intensidade e mentiras crescentes — disse o chavista em discurso transmitido pelo canal estatal Televisão Venezuelana (VTV), acrescentando que seu país "está preparado para resistir". — Devemos alertar, no entanto, que uma escalada de conflito ou agressão, mesmo que mínima, contra nosso território se tornaria uma catástrofe para toda uma região. Eles não estão atacando a Venezuela; estão atacando todo o Caribe e a América Latina, e toda a região sofreria muito.
Gil também afirmou que Caracas estuda declarar um "estado de agitação externa" em todo o país diante da ameaça, e acusou Trump de ter zombado da Carta da ONU em seu discurso à Assembleia Geral há alguns dias.
— Ele desrespeitou, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, cada uma das normas estabelecidas há 80 anos para a coexistência na comunidade internacional — disse. — Países foram ameaçados, o uso da força foi ameaçado, (…) e novas sanções econômicas também foram ameaçadas contra países, em violação à Carta.
Trump rejeitou nesta semana o convite para diálogo feito em uma carta por Maduro, afirmando que a mensagem estava repleta de "mentiras". Na mensagem, Maduro pediu a Trump para "preservar a paz com diálogo e entendimento em todo o hemisfério" e classificou como "absolutamente falsas" as acusações de narcotráfico feitas por Washington.
O presidente venezuelano denunciou uma "ameaça" de "mudança de regime" e afirmou que o país está "livre da produção de drogas", alegando que apenas 5% da cocaína fabricada na vizinha Colômbia transita por território venezuelano.