Homem faz compras em Nova York: preços dos alimentos seguirão em alta nos EUA, apontam economistas
Editor de Macroeconomia
Publicado em 11 de março de 2025 às 20h21.
O monitoramento detido da inflação voltará ao centro do noticiário econômico dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 11. Às 9h30 (horário de Brasília), o Bureau of Labor Statistics divulga o CPI, índice que reúne os preços de diversos bens e serviços da economia americana. E a expectativa entre agentes econômicos é de um aumento de 0,3% do índice mês a mês, e uma alta de 2,9% no acumulado de 12 meses.
Para o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, a inflação deve marcar 3,2%, segundo projeções de economistas. Na prática, caso confirmadas as estimativas, a inflação no país seguirá acima da meta do Fed, o Banco Central norte-americano, de 2%.
A boa notícia, pondera a CNBC, é que essas taxas representam a continuidade de uma desaceleração constante, embora lenta, da inflação ao longo do último ano. Por outro lado, a grande questão é para onde vão os preços -- e a economia -- nos próximos meses diante das políticas econômicas do presidente Donald Trump.
O CPI é uma cesta de bens e serviços geralmente adquiridos pelos consumidores que acompanha a variação desses preços ao longo do tempo, desacelerou consideravelmente em relação ao pico de 9,1% em junho de 2022, mas continua acima dos níveis anteriores à pandemia.
A expectativa sobre o resultado de fevereiro acontece por se tratar do primeiro mês completo da economia sob gestão de Trump, que tomou posse em 20 janeiro.
Para os agentes econômicos, as políticas do republicano, como aumentar tarifas de importação de produtos do México, China e Canadá, podem ampliar a inflação no país.
Bancos como o Morgan Stanley e o Goldman Sachs já revisaram suas projeções, que ficavam abaixo de 2,5% para a alta de preços no ano, para novas estimativas próximas a 3%.
O banco Safra ponderou que o mercado financeiro está precificando o CPI em torno de 4,0% nos próximos 12 meses. "A possibilidade de retaliação de outros países, maior dificuldade na integração das cadeias produtivas e o aumento dos preços de insumos importados podem prejudicar o desempenho da produção nos EUA e gerar maior incerteza", diz o banco em relatório enviado a clientes.
"Como consequência, o mercado aumentou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) reduzirá sua taxa básica de juros", prossegue o Safra.
A projeção para a taxa de juros real nos próximos dois anos caiu de 1,7% ao ano no início de 2025 para 0,8% ao ano nesta semana, o menor nível desde agosto de 2022, impulsionando uma desvalorização do dólar no período, diz o relatório.
Relatório recente do instituto do Bank of America, por exemplo, apontou que os preços dos alimentos também têm subido recentemente, tornando as compras semanais no supermercado mais desafiadoras, especialmente para aqueles com renda mais baixa.
"Se os preços continuarem a aumentar, é provável que os consumidores continuem adotando diversas estratégias, como compras mais direcionadas em diferentes lojas e maior gasto em supermercados de desconto", diz trecho do documento.
E não são apenas os ovos, cujos preços dispararam nos EUA recentemente:
"Observando todas as categorias de supermercado, podemos ver que os preços aumentaram mês a mês para quase 80% dos itens de consumo típico em janeiro", argumenta o Bank of America. "Além disso, carnes, aves e peixes – que representam cerca de 20% de uma cesta de compras média – registraram um aumento mensal de 0,5%."