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Em Haia, Peru defende fronteira equidistante com o Chile

''O Chile não disse nem uma palavra sobre o cálculo da linha proposta pelo Peru , o que demonstra uma estratégia de litígio deliberada'', disse o advogado de Lima


	Peru e Chile mantêm um litígio na CIJ desde 2008
 (Wikimedia Commons)

Peru e Chile mantêm um litígio na CIJ desde 2008 (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2012 às 20h00.

Haia - O governo do Peru defendeu nesta segunda-feira na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia (Holanda), o princípio de equidistância para redefinir sua fronteira marítima com o Chile.

''O Chile não disse nem uma palavra sobre o cálculo da linha proposta pelo Peru (...), o que demonstra uma estratégia de litígio deliberada'', disse o advogado da delegação de Lima, Rodman Bundy, perante os juízes do alto tribunal das Nações Unidas na primeira audiência oral do julgamento.

Em declarações posteriores à Agência Efe, o embaixador do Peru na Holanda, Allan Wagner, afirmou que seu país fez hoje ''uma boa apresentação, concreta, abordando os temas técnicos e ao mesmo tempo expressando quais são os pontos fundamentais da posição peruana''.

Wagner esclareceu também que um dos objetivos de levar o caso a Haia se enquadra ''na perspectiva de pôr este tema na agenda com o Chile e fortalecer ainda mais as relações entre os dois países''.

Peru e Chile mantêm um litígio na CIJ desde 2008, quando as autoridades de Lima denunciaram as de Santiago nesse órgão internacional de justiça para que o tribunal se pronuncie sobre a fronteira marítima entre os dois países.

Lima argumenta que a fronteira no oceano Pacífico com seu vizinho ainda tem que ser fixada, e Santiago estima, por sua vez, que essa fronteira já foi delimitada em acordos bilaterais assinados na década de 50.

Em entrevista à imprensa e em resposta à posição peruana, a professora da Universidade do Chile e integrante da delegação desse país, María Teresa Infante, disse que ''o ponto central (do caso) é a existência e a validade dos limites que foram estabelecidos por acordos entre os dois países''.


Na primeira das audiencias orais da disputa, Allan Wagner declarou que esses acordos não foram assinados para estabelecer uma fronteira no mar porque se limitam a ''regras de natureza prática e índole provisória assinados para fins específicos''.

Para Lima, as convenções assinadas em 1952 e 1954 com Chile e Equador tinham como objetivo ''proteger os direitos marítimos e de pesca'' dos três países em sua zona de 200 milhas a partir do litoral perante o exploração estrangeira de recursos pesqueiros, entre eles a de baleias.

Wagner lembrou que seu país pede à CIJ primeiro que delimite a fronteira marítima entre Peru e Chile com uma linha equidistante que parta do Ponto Concordia, que para Lima marca o final da fronteira terrestre.

Além disso, especificou que também pede ao tribunal que ''esclareça os direitos do Peru'' sobre uma zona de 28.000 quilômetros quadrados (que o Peru batizou como ''Triângulo Exterior'') que está dentro das 200 milhas de sua ''linha base'', mas além das 200 milhas do Chile.

''É incompreensível como o Chile pode impugnar estes direitos'', disse Wagner perante os juízes.

O advogado da delegação peruana, Alain Pellet, alegou que o caso proposto por Lima ''é simples'', mas que o ''Chile se empenha em apresentá-lo de maneira difícil ao centrá-lo na vigência de tratados''.


Pellet lembrou na sala do tribunal que é ''uma prática comum'' que o Direito Internacional aplique em casos de fronteiras um método de delimitação de uma linha equidistante.

Segundo ele, essa linha é suscetível de ser modificada seguindo critérios de proporcionalidade, por exemplo quanto à longitude do litoral. Foi por isso que a CIJ concedeu em novembro uma área considerável de mar à Nicarágua em detrimento da Colômbia.

''No caso que nos ocupa'', disse Pellet, ''não há razão para não estabelecer uma linha de eqüuidistância nem razões de ajuste da mesma''.

Neste sentido, o jurista da delegação peruana Rodman Bundy afirmou que a longitude do litoral do Peru e Chile são quase iguais (475 quilômetros no caso do primeiro e 446 no do segundo).

''A linha de equidistância satisfaz a prova de desproporcionalidade e produz um resultado equitativo'', disse o advogado a favor dos argumentos peruanos.

O Peru continuará amanhã com a exposição de seus argumentos na primeira rodada de discursos, enquanto o Chile o fará na quinta-feira e na sexta-feira.

Ambos os países vão concluir suas alegações orais perante os juízes na próxima semana, sendo a vez do Peru na terça-feira, e na sexta a do Chile.

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