Presidente Lula e Presidente do Chile, Gabriel Boric no Palácio do Planalto (Ricardo Stuckert / PR/ Flickr/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 22 de abril de 2025 às 21h07.
Ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta terça-feira, a política migratória dos Estados Unidos, agora mais rigorosa sob o comando do presidente Donald Trump. Em um discurso proferido após a assinatura de atos com Boric, Lula disse que Trump trata como inimigos os latino-americanos.
— Depois de ajudar a construir a riqueza americana, aparece um presidente que trata eles (os imigrantes) como inimigos. Latino-americano agora é tudo inimigo. Vai todo mundo embora, que os Estados Unidos é dos Estados Unidos — afirmou.
Lula disse que o Brasil, que vivia de costas para toda a América do Sul, só olhava para a União Europeia e para os Estados Unidos, mudou. Os vizinhos sul-americanos, acrescentou o presidente, também olhavam "por cima" do Brasil, mirando os EUA.
— Era como se nós fôssemos possíveis inimigos. Eu conto sempre que o presidente Chávez (Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela), antes de ser presidente, ele era da Academia Militar da Venezuela, e como acadêmico e professor, ele me dizia que, durante muito tempo, as aulas que ele dava para os militares da Venezuela eram de que o Brasil era o inimigo. Era com o Brasil que a América do Sul tinha que se preocupar, não era nem com os espanhóis, que foram colonizadores, e muito menos com os Estados Unidos ou os ingleses. Era o Brasil. E isso aconteceu em outros países — disse Lula.
Segundo o presidente, enquanto Brasil e América do Sul ficavam de costas um para o outro, bajulavam os ricos e desprezavam os pobres. Lula disse ser um cidadão um cidadão "obcecado pela integração".
— Hoje, uma pessoa, se tiver um parente muito pobre, não convida nem para o aniversário, nem para o batizado. Porque se convoca, normalmente, aquela pessoa que tem mais posse.
Lula defendeu a integração entre os países da região. Disse que não se pode presidir um país de forma ideológica.
— Eu não quero saber se o meu adversário ali do lado ou se o meu oponente do outro lado, se ele é presidente, se ele é de direita ou de esquerda. Eu quero saber que ele é presidente de um país e eu quero manter com ele uma relação de chefe de Estado. E por isso eu preciso criar instituições sólidas que, independentemente do governo, essas instituições funcionem — afirmou.