A vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência Kamala Harris e o ex-presidente dos EUA e candidato republicano à presidência Donald Trump falam durante um debate presidencial no National Constitution Center, na Filadélfia, Pensilvânia, em 10 de setembro de 2024. (Saul Loeb/AFP)
Publicado em 10 de setembro de 2024 às 23h16.
Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 23h52.
Os candidatos à presidência dos Estados Unidos se enfrentaram nesta terça-feira, 10, na Filadélfia. Pela primeira vez, a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, e o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, estiveram frente à frente em um debate.
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O encontro circundou os principais temas da eleição americana, como imigração, inflação, o estado da economia, aborto, e relações internacionais do país.
Trump e Harris trocaram diversas acusações -- ele chamou a vice-presidente de "marxista" e ela chamou o ex-presidente de manipulável por outros líderes globais.
O debate seguiu, de maneira geral, de forma intensa, mas sem maiores brigas entre os candidatos. Mas, após uma hora e meia de debate, o tom entre eles subiu.
Nessa etapa, Trump fez mais ataques a Kamala, que buscou responder rápido, algumas vezes falando por cima dos moderadores. O republicano também ignorou pedidos de interrupção para responder críticas da rival quando já não tinha mais tempo disponível. Em mais de uma ocasião, os moderadores deixaram os dois seguirem falando.
Abaixo veja os principais pontos discutidos no debate entre Donald Trump e Kamala Harris:
Na primeira questão, o moderador perguntou aos dois candidatos se eles achavam que a economia do país estava melhor do que há quatro anos.
Kamala respondeu primeiro. Disse que cresceu na classe média e defendeu medidas como cortes de impostos para as famílias. Prometeu dar dinheiro para pessoas que quiserem começar um negócio e fez ataques a Trump.
Disse que ele planeja ampliar taxas sobre as vendas, que prejudicarão os negócios e o poder de compra das famílias e chamou a ideia de "Trump sales tax".
Em seguida, Trump negou que pretenda ampliar taxas sobre vendas e acusou o atual governo de destruir a economia. Também fez ataques contra imigrantes irregulares e disse que eles estão entrando sem controle no país e aumentando a violência.
Na tréplica, Kamala disse que o rival deixou a economia em péssima situação quando saiu da Presidência e lembrou da invasão do Congresso, feita por apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2021.
Em seguida, Trump disse que a economia do país estava indo bem, mas a pandemia foi responsável pelos problemas na área.
Questionado sobre sua postura em relação ao aborto, Trump buscou acusar os democratas de defender o aborto para fetos com quase nove meses de gestação.
O ex-presidente disse defender que cada estado tenha direito de decidir sua política em relação ao tema, e que a decisão da Suprema Corte em 2022, que foi nesta direção, foi bem-vinda. Ele não se comprometeu a adotar uma lei federal que vete o aborto, como muitos conservadores defendem.
Ainda sobre aborto, Kamala acusou o rival de defender medidas de restrição à fertilização in vitro. Trump negou e disse ser um "líder" sobre o tema.
Ele ainda voltou a acusar os democratas de abrir espaço para o aborto de fetos com oito ou nove meses de gestação. Kamala disse que não isso era verdade, e os dois tiveram um breve momento de embate, com os microfones abertos. A organização do debate disse que o microfone de um ficaria fechado enquanto o outro falasse.
Na réplica sobre o aborto, Kamala mostrou indignação com as restrições ao procedimento e prometeu sancionar uma lei que garanta o direito ao aborto, caso seja eleita e o Congresso aprove uma lei nesse sentido. Ela acusou Trump de defender um veto federal à prática. Em seguida, o republicano negou defender um veto federal. "É uma completa mentira."
O ex-presidente foi questionado pelo moderador como faria para cumprir a promessa de deportar milhões de imigrantes se for eleito. Em discursos, Trump falou sobre usar a Guarda Nacional ou as policias locais para encontrar imigrantes sem documentos, mas não detalhou seus planos no debate.
Ele fez mais ataques aos estrangeiros e repetiu que criminosos estão entrando no país, o que estaria, em sua avaliação, aumentando a taxa de crimes do país está em alta recorde.
O republicano foi desmentido em seguida pelo moderador, que citou que o FBI aponta que os casos de crimes estão em queda no país. Trump disse que os dados do FBI, a polícia federal americana, foram fraudados, sem citar provas disso.
Nesse momento, Trump disse que imigrantes estão entrando sem controle no país e que há relatos de que alguns deles estariam atacando animais em cidades como Springfield, Ohio.
"Eles estão comendo os gatos, estão comendo os cachorros das pessoas que vivem lá. Isso está acontecendo em nosso país. É uma vergonha", afirmou, citando uma teoria conspiratória que circula na internet.
Em seguida, Trump foi desmentido pelo apresentador, de que não havia evidências de imigrantes atacando pets em Springfield, de acordo com dados do governo local.
Kamala, por sua vez, defendeu a política atual e disse que os republicanos impediram que uma política pública para imigração fosse à frente -- e atacou as declarações de Trump.
Perguntada sobre sua posição em relação ao conflito entre Israel e Hamas, a candidata democrata chamou o grupo palestino de "terrorista", disse que Israel tem o direito de se defender, mas que os palestinos também têm o direito de viver em segurança.
"Eu sempre vou dar a Israel a habilidade de se defender, seja em relação ao Irã ou a outras ameaças, mas temos de ter uma solução de dois Estados, onde possamos reconstruir Gaza e os palestinos tenham a dignidade que merecem", disse Kamala.
Sobre o tema, Trump não ofereceu uma solução em Gaza. Limitou-se a repetir a frase de que a guerra nunca teria acontecido se ele fosse presidente, nem a Rússia teria invadido a Ucrânia.
No debate, Trump foi pressionado pelos moderadores a se posicionar sobre o 6 de janeiro, dia em que seus apoiadores invadiram o Congresso para tentar impedir que sua derrota nas urnas fosse confirmada.
O ex-presidente desviou do assunto ao ser perguntado se tinha arrependimentos por algo que fez naquele dia. Ele procurou culpar Nancy Pelosi, então presidente da Câmara pela invasão, ao dizer que ela e a prefeita de Washington não tomaram medidas para proteger a cidade da multidão que foi até a cidade participar de um comício dele.
Em seguida, o republicano foi perguntado se ele admite que perdeu a eleição em 2020. Trump disse que apenas estava sendo irônico ao dizer em um comício que perdeu "por muito pouco" e voltou a afirmar, sem provas, que a eleição de 2020 foi roubada.
Kamala Harris foi perguntada sobre um dos momentos mais difíceis do governo Biden: a saída caótica das tropas americanas do Afeganistão. Trump utiliza esse tema como um dos principais pontos de ataque à campanha democrata.
"Eu concordei com a decisão do presidente Biden de sair do Afeganistão. Quatro presidentes disseram que fariam isso, e por isso, os americanos não estão mais pagando 300 milhões de dólares por dia", disse a democrata.
A saída do país foi feita de modo apressado, e o Talibã retomou rapidamente o controle do país, após 20 anos de operação americana no Afeganistão.
Na reta final do debate, Trump fez ataques a Kamala e buscou compará-la ao presidente Joe Biden. "Ela é Biden. É pior que Biden. Ela está tentando escapar de Biden", disse o republicano.
"Eu claramente não sou Biden. Nem sou Donald Trump. Eu trago uma nova geração de liderança", respondeu a democrata.