Bezos vai enfrentar a concorrência pesada de Musk, que agora está oficialmente no governo (Andrew Harrer/Bloomberg/Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 08h53.
Jeff Bezos, que foi alvo das críticas de Donald Trump durante seu primeiro mandato, deve se encontrar com o presidente eleito na próxima semana. O fundador da Amazon precisará da ajuda do novo governo na corrida espacial contra Elon Musk, que terá cargo no governo do presidente republicano.
Bezos quer avançar com seu Projeto Kuiper, o concorrente da Amazon ao Starlink, serviço de internet por satélite de Musk.
Os primeiros lançamentos de satélites operacionais de Kuiper foram adiados duas vezes em 2024 — o mais recente foi pela fabricante de foguetes United Launch Alliance (ULA), que disse que precisava priorizar duas missões da Força Espacial dos EUA antes do final do ano.
De acordo com a Bloomberg, os custos do Kuiper estão subindo para até US$ 20 bilhões, em comparação com o mínimo de US$ 10 bilhões prometido inicialmente pela Amazon. A gigante sediada em Seattle precisará de "um milagre" para cumprir o prazo do governo para ter mais de 1.600 satélites operando até meados de 2026. A empresa provavelmente precisará buscar uma isenção da Comissão Federal de Comunicações. Daí a necessidade da conversa de Bezos com Musk.
Durante o primeiro mandato de Trump, o presidente atacou a cobertura que o Washington Post, de propriedade de Bezos, fez de seu governo. A Amazon reagiu com um processo alegando que Trump instruiu o Pentágono a prejudicar a Amazon bloqueando-a de uma licitação. Bezos tem adotado uma abordagem conciliatória desde a nova vitória de Trump.
O bilionário fez uma rara postagem no X em que parabenizava Trump pelo feito. Bezos voltou à plataforma para rapidamente derrubar a alegação de Musk de que o fundador da Amazon havia previsto que Trump perderia.
A Amazon também confirmou a doação de US$ 1 milhão para o fundo que organiza a posse de Trump. Com isso, juntou-se também à Meta nessa política - as empresas de tecnologia buscam construir relacionamentos positivos com a nova administração.
Durante uma aparição no New York Times DealBook Summit em 4 de dezembro, Bezos disse que estava "muito otimista" sobre o retorno de Trump à Casa Branca.
Ao contrário da SpaceX, a Amazon não tem foguetes próprios para lançar satélites. A empresa disse que usaria novos foguetes da ULA, do provedor europeu Arianespace, e da Blue Origin, outra empresa de Bezos, para até 83 missões.
Com as duas missões da Força Espacial adiadas para o ano que vem, a ULA não disse quando lançará os satélites da Amazon. Os voos da Força Espacial têm prioridade por causa da segurança nacional, mas isso nem sempre significa que tais lançamentos precisam ocorrer antes dos de outros clientes, disse a ULA.
Segundo a Bloomberg, a Amazon pretende lançar os satélites no início do ano novo e começar a operar até o final de 2025.
No entanto, o cronograma de lançamento dá à Amazon pouco tempo para cumprir o prazo da FCC para que metade da frota de mais de 3.230 satélites da Kuiper esteja operando até julho de 2026.