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Em comunicado, Brasil tem 'apreço' de Obama para CS

Os dois presidentes concordam que, como outras organizações de governança global, o Conselho de Segurança precisa reformar-se

Ministério das Relações Exteriores afirma que "o Presidente Obama manifestou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança" (Renato Araújo/Agência Brasil)

Ministério das Relações Exteriores afirma que "o Presidente Obama manifestou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança" (Renato Araújo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2011 às 17h38.

São Paulo - No Comunicado Conjunto dos presidentes Dilma Rousseff, do Brasil, e Barack Obama, dos Estados Unidos, um "apreço" à aspiração brasileira de ganhar assento permanente no Conselho de Segurança da ONU aparece de forma mais assertiva do que no discurso feito no Palácio do Planalto pelo líder norte-americano. Em sua fala, posterior ao discurso de Dilma, Obama tinha se limitado a dizer que os EUA continuariam trabalhando junto com o Brasil para tornar o conselho mais eficaz, eficiente e representativo.

Já o texto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores afirma que "o Presidente Obama manifestou seu apreço à aspiração do Brasil de tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança e reconheceu as responsabilidades globais assumidas pelo Brasil". Os dois presidentes concordam que, como outras organizações de governança global, o Conselho de Segurança precisa reformar-se. Eles expressaram seu apoio a uma "expansão limitada" do conselho.

G-20

Os dois mandatários reconhecem o G-20 como o mais alto foro para coordenação de políticas econômicas globais. Ambos reiteraram a importância da consolidação do grupo e de seu papel na coordenação para a cooperação econômica internacional, incluindo encorajar a adoção de políticas necessárias para evitar grandes desequilíbrios econômicos e financeiros.

Dentro da discussão do G-20, o texto também aborda a volatilidade dos preços das commodities agrícolas e reconhece a necessidade de maior transparência nesses mercados, bem como de aperfeiçoamento da regulação dos instrumentos financeiros que afetam a formação de preços. Os líderes recomendaram cuidado ao considerar medidas que poderiam distorcer o funcionamento dos mercados de commodities. Dilma ainda enfatizou a disposição do Brasil de "prover liderança em temas alimentares internacionais, inclusive na Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO)". O ex-ministro brasileiro José Graziano é candidato à direção da FAO.

Os presidentes também reafirmaram o firme compromisso de levar a Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), a uma conclusão "exitosa, ambiciosa, abrangente e equilibrada". Segundo os dois líderes, uma conclusão bem sucedida das negociações poderia aumentar a credibilidade e a legitimidade do sistema multilateral de comércio e desempenhar um papel útil para estimular o crescimento da economia global, especialmente criando empregos.

Comércio e Investimentos

EUA e Brasil reconhecerem a alta qualidade e diversificação do comércio entre ambos os países e o grande potencial dos investimentos recíprocos, particularmente nas áreas de infraestrutura, energia e alta tecnologia. Na área de energia, eles ressaltaram que ambos têm interesses convergentes, inclusive nos setores de petróleo, gás natural, biocombustíveis e outras fontes renováveis. Obama afirmou que os EUA buscam ser um parceiro estratégico do Brasil em energia. Em seu discurso, o presidente norte-americano chegou a dizer que os EUA querem ser "um grande cliente" de fontes de energia brasileiras, citando as novas descobertas de petróleo no Brasil e o interesse de ambos os países em energia limpa.


No comunicado conjunto, Obama "aplaude" o sucesso do Brasil na formulação de políticas públicas e programas para combater a pobreza, a desigualdade e a marginalização. Já Dilma saudou a possibilidade de ampliar atividades de cooperação internacional por meio da reprodução das melhores práticas brasileiras em matéria de desenvolvimento social. "A experiência do Brasil na construção de um modelo bem sucedido de desenvolvimento democrático poderia ser útil para países em processo de construção de suas próprias democracias e de superação de suas desigualdades sociais históricas", diz o texto.

Copa e Olimpíada

Considerando a realização, no Brasil, da Copa do Mundo de Futebol da FIFA, em 2014, e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, em 2016, Obama afirmou que os EUA têm experiência em eventos desse porte e querem compartilhá-la com os brasileiros, em particular em matéria de infraestrutura, segurança e proteção. Os dois presidentes saudaram a assinatura do Memorando de Entendimentos sobre Megaeventos Esportivos Mundiais, que tem o objetivo de dinamizar essa cooperação bilateral

Obama ainda demonstrou satisfação com o interesse brasileiro na implementação de um programa amplo para ensino de inglês à distância. O plano abrange desde a formação de professores a projetos que visem à formação de profissionais e outros prestadores de serviços para a Copa e as Olimpíadas.

Rio+20

Na questão do meio ambiente, ambos os países concordaram com a importância de uma economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável, como um meio de gerar crescimento econômico, criar emprego decente e erradicar a pobreza. Os líderes reiteraram a importância da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá na capital fluminense no ano que vem.

Haiti

Obama e Dilma também destacaram a importância da realização do segundo turno das eleições no Haiti, que acontece amanhã. O Brasil lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Os dois países reiteraram seu compromisso com a manutenção da estabilidade, o fortalecimento das instituições democráticas e o desenvolvimento de longo prazo do Haiti. Mas também salientaram a importância do "cumprimento tempestivo" dos compromissos assumidos pela comunidade internacional no apoio à reconstrução do país, após o devastador terremoto que atingiu o Haiti no início do ano passado.

Fechando o comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirma que Dilma aceitou convite para realizar visita aos Estados Unidos no segundo semestre deste ano.

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