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Em carta, Trump diz a Lula que EUA abrirá investigação sobre ações do Brasil contra big techs

Presidente americano afirma que pediu assessor de Comércio para apurar supostas ações do país contra atividades comerciais digitais de empresas americanas e "outras práticas comerciais desleais"

Em um trecho, Trump informa que pediu a um de seus principais auxiliares em sua ofensiva tarifária para apurar supostas ações do país contra atividades comerciais digitais de empresas americanas

Em um trecho, Trump informa que pediu a um de seus principais auxiliares em sua ofensiva tarifária para apurar supostas ações do país contra atividades comerciais digitais de empresas americanas

Agência o Globo
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Publicado em 9 de julho de 2025 às 19h18.

Última atualização em 9 de julho de 2025 às 19h20.

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Na carta que enviou hoje ao presidente Lula, o líder dos EUA, Donald Trump, informou ao governo brasileiro mais que um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado americano.

O texto também informa que Trump também pretende implementar uma retaliação formal ao Brasil por causa de medidas judiciais contra plataformas digitais americanas, como a suspensão recente do X pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

Em um trecho, Trump informa que pediu a um de seus principais auxiliares em sua ofensiva tarifária para apurar supostas ações do país contra atividades comerciais digitais de empresas americanas e "outras práticas comerciais desleais"

“Além disso, devido aos contínuos ataques do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como a outras práticas comerciais injustas, estou ordenando ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, que inicie imediatamente uma investigação com base na Seção 301 sobre o Brasil", diz o texto enviado a Lula.

Além de fazer referência a restrições a plataformas digitais americanas no Brasil, Trump também menciona supostas barreiras tarifárias ou comerciais impostas a produtos americanos, indicando ver um déficit comercial na relação entre Washington e Brasília que não existe. Os EUA exportam mais em valores para o Brasil, que é o deficitário nessa balança.

"Caso o senhor deseje abrir seus mercados comerciais até agora fechados aos Estados Unidos, e eliminar suas políticas tarifárias, não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste a esta carta. Essas tarifas poderão ser modificadas — para cima ou para baixo — dependendo do relacionamento com seu país. Os senhores nunca se decepcionarão com os Estados Unidos da América", diz outro trecho da carta de Trump.

EUA são um cliente VIP do Brasil

Diferentemente da relação comercial com outros países, os EUA tem com o Brasil um superávit. Ou seja, os brasileiros compra mais produtos dos EUA que os americanos do Brasil.

Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), trata-se de uma pauta bastante diversificada. São 51 itens industriais que integram 70% das exportações brasileiras aos EUA, de aviões a máquinas, passando por produtos químicos.

Nos casos da União Europeia e da China, maior parceiro comercial do Brasil, essa diversificação é bem menor: 22 e três produtos, respectivamente. Enquanto para a China prevalece a exportação de commodities, o Brasil exporta para os EUA produtos industrializados, de maior valor agregado, o que torna a relação comercial com a maior economia do mundo ainda mais importante para o Brasil.

No ano passado, o Brasil exportou cerca de US$ 40 bilhões para os EUA e comprou um pouco mais que isso dos americanos. A corrente de comércio de US$ 81 bilhões representou uma alta de 8,2% no ano passado, segundo números levantados pela FGV no mês passado.

Somente em abril deste ano, as exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 3,57 bilhões em abril, alta de 21,9% na comparação com o mesmo mês de 2024, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

As importações somaram US$ 3,79 bilhões, expansão de 14% sobre o mesmo mês de 2024. Já as exportações de aço (produtos semiacabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço), tarifadas em 25% desde de março, caíram 23,2% em abril, assim como de alumínio (73%), contra o mesmo mês de 2024.

Nos quatro primeiros meses do ano, o Brasil aumentou suas exportações aos EUA em 3,7% e cresceu as importações em 14,6%, segundo dados preliminares do governo.

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