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Em carta, Dilma diz que manterá leis sobre aborto e religião

A candidata do PT afirmou que carta deve por um ponto final na campanha do que chamou de 'calúnias e boatos'

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2010 às 12h06.

São Paulo - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT), divulgou documento nesta sexta-feira no qual se compromete, se eleita, a não propor alterações na legislação do aborto e outros temas relacionados à família e à adoração religiosa.

Segundo Dilma, a iniciativa visa pôr fim ao que classificou de "campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais".

Os temas aborto e religião ganharam destaque na reta final da campanha do primeiro turno, com líderes religiosos pregando abertamente contra o voto nos candidatos do PT. A justificativa para isso seriam propostas contidas no Plano Nacional dos Direitos Humanos 3, posições do PT e declarações anteriores da candidata se dizendo favorável à descriminalização do aborto.

A equipe de Dilma avalia que esse movimento foi um dos fatores que impediram a eleição da candidata no dia 3, levando ao segundo turno com José Serra (PSDB).

O documento divulgado nesta tarde foi acertado em encontro na quarta-feira entre Dilma e lideranças evangélicas que a apoiam.

A petista inicia o texto com uma linguagem religiosa voltada diretamente aos cristãos dizendo que se dirige àqueles que "sonham com um Brasil cada vez mais perto da premissa do Evangelho de desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos".


"Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no país", afirma Dilma.

A candidata também se compromete a sancionar, caso seja aprovado, o PLC 122, projeto de lei que propõe a criminalização da homofobia, "nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão".

Dilma, que chegou a estar virtualmente eleita já no primeiro turno, segundo as pesquisas eleitorais, viu nos últimos dias sua vantagem se reduzir a uma situação de empate técnico com Serra, tornando a eleição presidencial deste ano a mais disputada desde 1989.

Veja a íntegra de mensagem assinada pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, sobre aborto, liberdade religiosa e família, divulgada nesta sexta-feira.
Mensagem da Dilma

Dirijo-me mais uma vez a vocês, com o carinho e o respeito que merecem os que sonham com um Brasil cada vez mais perto da premissa do Evangelho de desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos. É com esta convicção que resolvi pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais.


Para não permitir que prevaleça a mentira como arma em busca de votos, em nome da verdade quero reafirmar:

1. Defendo a convivência entre as diferentes religiões e a liberdade religiosa, assegurada pela Constituição Federal;

2. Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto;

3. Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País.

4. O PNDH3 é uma ampla carta de intenções, que incorporou itens do programa anterior. Está sendo revisto e, se eleita, não pretendo promover nenhuma iniciativa que afronte a família;

5. Com relação ao PLC 122, caso aprovado no Senado, onde tramita atualmente, será sancionado em meu futuro governo nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no Brasil;

6. Se Deus quiser e o povo brasileiro me der, a oportunidade de presidir o País, pretendo editar leis e desenvolver programas que tenham a família como foco principal, a exemplo do Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e tantos outros que resgatam a cidadania e a dignidade humana.

Com estes esclarecimentos, espero contar com vocês para deter a sórdida campanha de calúnias contra mim orquestrada. Não podemos permitir que a mentira se converta em fonte de benefícios eleitorais para aqueles que não têm escrúpulos de manipular a fé e a religião tão respeitada por todos nós. Minha campanha é pela vida, pela paz, pela justiça social, pelo respeito, pela prosperidade e pela convivência entre todas as pessoas.

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