Macron homenageia vítimas da ditadura argentina e discute clima e comércio com Javier Milei (Ludovic Marin/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de novembro de 2024 às 13h01.
O presidente da França, Emmanuel Macron, prestará homenagem neste domingo (17), em Buenos Aires, às vítimas da ditadura militar argentina, incluindo cidadãos franceses desaparecidos. O ato ocorre antes de sua reunião com o presidente argentino, Javier Milei, um crítico do consenso histórico sobre as violações de direitos humanos durante o regime militar (1976-1979).
Macron chegou à capital argentina na noite de sábado (16) e participou de um jantar de trabalho com Milei, um líder ultraliberal admirador de Donald Trump. Segundo o Palácio do Eliseu, o objetivo principal da visita é alinhar Milei às prioridades do G20, cuja cúpula será realizada no Rio de Janeiro na segunda (18) e terça-feira (19).
"Nem sempre pensamos da mesma forma sobre muitos temas, mas é muito útil debater", afirmou Macron em um vídeo publicado no TikTok no sábado, ressaltando a importância do multilateralismo.
Antes de seu encontro na Casa Rosada, Macron e sua esposa, Brigitte, visitarão a Igreja da Santa Cruz, em Buenos Aires, onde prestarão homenagem a cerca de 20 cidadãos franceses desaparecidos ou assassinados durante a ditadura.
O local é um memorial simbólico da resistência, marcado pelo sequestro, tortura e assassinato de 12 pessoas em 1977, incluindo as freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon e fundadoras das Mães da Praça de Maio.
Milei e sua vice-presidente, Victoria Villaruel, têm sido acusados de revisionismo histórico por organizações de direitos humanos. Ambos relativizam o número de desaparecidos na ditadura, defendendo que foram menos de 9.000, enquanto o consenso é de cerca de 30.000 vítimas. Eles também descrevem o período como uma "guerra", atribuindo responsabilidades a ambos os lados.
A postura de Milei sobre mudanças climáticas também será tema de debate. Na semana passada, ele retirou a delegação argentina da COP29, realizada em Baku, e há especulações sobre uma possível saída do Acordo de Paris, algo que Donald Trump fez durante seu mandato (2017-2021).
Macron também usará sua viagem à América Latina, que inclui uma parada no Chile, para justificar a oposição francesa ao acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Agricultores franceses temem que o tratado aumente a competição com produtos que não seguem as normas ambientais e sanitárias europeias.
A visita também busca aprofundar as relações econômicas entre França e Argentina. O grupo minerador francês Eramet inaugurou recentemente uma mina de lítio no país sul-americano, reforçando o interesse francês em metais críticos.
Além disso, há expectativas de que Macron avance nas negociações para a venda de submarinos franceses Scorpène, embora o Palácio do Eliseu tenha minimizado a probabilidade de um acordo iminente.