Mundo

Em bar, EUA e Cuba têm reunião de mais alto nível em 50 anos

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em um hotel na Cidade do Panamá


	Secretário de Estado norte-americano John Kerry e chanceler cubano Bruno Rodríguez, ao lado de assessores
 (REUTERS/Departamento de Estado dos EUA/Divulgação)

Secretário de Estado norte-americano John Kerry e chanceler cubano Bruno Rodríguez, ao lado de assessores (REUTERS/Departamento de Estado dos EUA/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2015 às 09h46.

Cidade do Panamá - Os chefes de relações exteriores de Cuba e dos Estados Unidos se sentaram para conversar na quinta-feira à noite na reunião de mais alto nível entre os dois lados desde os primeiros dias da Revolução Cubana, há mais de meio século.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em um hotel na Cidade do Panamá, no mais recente passo em direção a melhores laços desde que o presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou uma mudança histórica na política para Cuba, em 17 de dezembro.

Os dois chanceleres conversaram por pelo menos duas horas, sentando-se frente a frente em um restaurante-bar no hotel com ampla fachada de vidro. O governo dos EUA informou que a reunião transcorreu bem.

"O secretário Kerry e o chanceler cubano Rodríguez mantiveram esta noite uma longa conversa, muito construtiva. Os dois concordaram que obtiveram progressos e que iremos continuar a trabalhar para resolver as questões pendentes", disse um alto funcionário do Departamento de Estado.

Durante o encontro, em alguns momentos Kerry gesticulou para Rodríguez. Do lado de fora, guardas faziam a segurança do local.

A reunião teve lugar na véspera da Cúpula das Américas, no Panamá, onde Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, vão estar presentes, bem como outros líderes da região, como a presidente Dilma Rousseff.

A expectativa é que Obama e Raúl pelo menos apertem as mãos.

Obama parece estar perto de remover Cuba da lista de países que o governo dos EUA diz que patrocinam o terrorismo, pois o Departamento de Estado já recomendou que Cuba seja excluída, disse um assessor do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA na quinta-feira.

A previsão é que Obama endosse a recomendação, embora não esteja claro se ele vai anunciar sua decisão durante a cúpula.

A inclusão de Cuba na lista de patrocinadores do terrorismo tem sido um grande obstáculo para o restabelecimento das relações bilaterais. Sua exclusão iria ajudar a aliviar algumas sanções financeiras contra a ilha e tornar mais fácil para as empresas norte-americanas fazerem negócios lá.

Uma autoridade dos EUA disse que Kerry e Rodríguez tentaram suavizar o caminho para a retirada de Cuba da lista.

Os Estados Unidos vêm pressionando por garantias cubanas de nenhum apoio futuro para o terrorismo, e Cuba tem respondido exigindo que o governo norte-americano assuma compromisso semelhante.

A decisão de Obama de avançar em direção à restauração completa dos laços diplomáticas é uma mudança radical nas relações entre os dois países desde a Revolução Cubana, quando o ditador Fulgencio Batista, apoiado pelos Estados Unidos, fugiu da ilha em 1 de janeiro de 1959 enquanto Fidel Castro e outros revolucionários assumiam o controle do país.

John Foster Dulles e Gonzalo Guell foram os últimos chefes da diplomacia dos EUA e de Cuba, respectivamente, a realizar uma reunião formal, em Washington, em 22 de setembro de 1958, disse uma autoridade dos EUA que falou sob condição de anonimato.

A reunião de mais alto nível após a revolução ocorreu em abril de 1959, entre o então vice-presidente Richard Nixon e Fidel Castro, que na época era primeiro-ministro de Cuba.

Logo depois, as relações entre os dois países se deterioraram rapidamente, e os Estados Unidos romperam relações diplomáticas em 1961. O governo norte-americano também impôs um duro embargo comercial à ilha, ao qual Cuba atribui a maior parte de seus problemas econômicos.

Obama já relaxou algumas restrições comerciais e de viagens, mas apenas o Congresso, controlado pelos republicanos, pode derrubar o embargo. No entanto, o presidente dos EUA enfrenta forte oposição no Congresso.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCubaDiplomaciaEstados Unidos (EUA)Países ricos

Mais de Mundo

Trump vai adiar por quase um mês tarifas de produtos do México

Trump planeja assinar ordem para acabar com Departamento de Educação, diz imprensa dos EUA

Rússia rejeita trégua na Ucrânia proposta por França e Reino Unido

Frente fria pode interromper ondas de calor nos próximos dias; veja previsão do tempo