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Em "apartheid climático", pobres serão os mais impactados, diz ONU

Relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU aponta que ricos podem evitar os efeitos das mudanças do clima, agravando extrema-pobreza

Mudanças climáticas: Enchentes, secas, chuvas ou calor intensos devem ser cada vez mais frequentes no planeta e, de acordo com relatório da ONU, as populações pobres devem ser as mais prejudicadas (Joe Raedle/Getty Images)

Mudanças climáticas: Enchentes, secas, chuvas ou calor intensos devem ser cada vez mais frequentes no planeta e, de acordo com relatório da ONU, as populações pobres devem ser as mais prejudicadas (Joe Raedle/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 25 de junho de 2019 às 12h22.

Genebra — O mundo está a caminho de um "apartheid climático", em que os ricos compram formas de evitar os piores efeitos do aquecimento global enquanto os pobres sofrem os impactos, afirmou nesta terça-feira um relatório de direitos humanos da ONU.

O relatório, apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU pelo relator especial sobre pobreza extrema, Philip Alston, disse que as empresas deveriam desempenhar um papel vital no enfrentamento das mudanças climáticas, mas que não se pode confiar nos negócios para cuidar dos pobres.

"Uma dependência excessiva do setor privado pode levar a um cenário de apartheid climático em que os ricos pagam para escapar do superaquecimento, da fome e do conflito, enquanto o resto do mundo sofre", escreveu o relator.

Alston citou nova-iorquinos vulneráveis que ficaram sem energia ou assistência médica quando o furacão Sandy atingiu a cidade em 2012, enquanto "a sede do Goldman Sachs estava protegida por dezenas de milhares de sacos de areia e energia de seu próprio gerador".

Apoiar-se exclusivamente no setor privado para proteger populações contra o clima extremo e o aumento do nível do mar "quase garantiria violações em massa dos direitos humanos, com os abastados abastecidos e os mais pobres deixados para trás", escreveu. "Mesmo sob a melhor das hipóteses, centenas de milhões enfrentarão insegurança alimentar, migração forçada, doença e morte", acrescentou.

O relatório criticou governos por fazerem pouco mais do que enviar autoridades a conferências para fazer "discursos sombrios", apesar de cientistas e ativistas climáticos terem tocado sinais de alarme desde os anos 1970.

Houve alguns acontecimentos positivos, no entanto, com os preços de energia renovável caindo, o carvão se tornando não competitivo, as emissões diminuindo em 49 países e 7.000 cidades, 245 regiões e 6.000 empresas comprometidas com a mitigação dos efeitos da mudança climática.

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