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Elite chinesa aprende a ter visão global em escolas suíças

Os internatos suíços, que podem custar US$ 103 mil dólares por ano, oferecem aulas em dois idiomas, aulas de esqui e passeios a cavalo a estudantes chineses

Vista geral de parte do Institut Le Rosey, na Suíça: internatos suíços são os mais caros do mundo (Reprodução/Facebook/Institut Le Rosey)

Vista geral de parte do Institut Le Rosey, na Suíça: internatos suíços são os mais caros do mundo (Reprodução/Facebook/Institut Le Rosey)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 21h46.

Nem todos os estudantes começam imediatamente a ter aulas de esqui à tarde no internato mais antigo da Suíça.

“Alguns estudantes asiáticos não sabem esquiar quando chegam – as primeiras semanas às vezes são difíceis --, mas a maioria acaba gostando”, disse Christophe Gudin, vice-diretor-geral do Institut Le Rosey, que se muda do Lago Léman para o resort de esqui de Gstaad de janeiro a março.

“Essencialmente, se você não gosta de esquiar, você terá que aprender a gostar ou ir para outro lugar”.

Os internatos suíços, que cuidaram do líder supremo norte-coreano, Kim Jong-Un, podem custar cerca de 100.000 francos (US$ 103.000) por ano, o que os transforma nos mais caros do mundo. Eles estão atraindo números recordes de estudantes chineses à medida que o equilíbrio geográfico dos ricos do mundo muda para o Oriente.

As escolas, que podem custar o dobro do preço de instituições equivalentes do Reino Unido e dos EUA, se diferenciam com aulas em dois idiomas e atividades que vão do esqui aos passeios a cavalo.

Nos últimos três anos, a admissão de estudantes chineses aumentou de 1 por cento para 5 por cento nos principais internatos da Suíça, disse Christophe Clivaz, diretor da associação de aprendizado suíço de escolas e universidades privadas.

“Nós fazemos o melhor chocolate, os melhores relógios, temos os melhores bancos -- e as melhores escolas --”, disse ele. Estudantes chineses, juntamente com os do Brasil, da Índia e da Rússia, são o grupo de mais rápido crescimento, segundo Clivaz.

Mais luxuoso

Embora a Suíça seja popular entre os turistas chineses, não se sabe muito sobre os internatos, disse Clivaz, que está tentando ampliar mercados estudantis também na Tailândia e na Índia.

A tradição educacional da Suíça remonta a 1880, quando Le Rosey foi fundado, perto da cidade de Rolle, nas montanhas ao redor do Lago Léman. O príncipe Edward, do Reino Unido, o último xá do Irã e ex-reis da Bélgica são ex-alunos da escola. A despesa é justificada pela segurança, pela educação multilingue, pelo ambiente e pelas atividades na Suíça, disse Clivaz.

No Centro para as Artes Cênicas do internato, uma grande cúpula baixa de aço inoxidável cuja construção custou US$ 52 milhões, jovens do Le Rosey conversam em francês e inglês fluentes ao socializar nos intervalos das aulas.

O número de estudantes chineses na instituição mais do que triplicou nos últimos cinco anos, segundo Gudin. A escola tem um estrito sistema de cotas que limita o número de estudantes de um mesmo país a 10 por cento do total, disse ele. Cerca de 6 por cento dos 400 estudantes são da China.

O Le Rosey, que mantém no estábulo 12 cavalos argentinos para aulas de equitação e tem um centro de vela, reinveste 95 por cento dos lucros na escola. O edifício de cultura, artes e comunicação possui uma sala de concerto com 900 lugares, assim como salas de ensaio de música e áreas de oficina para escultura, fotografia, produção de vidro, cerâmica e tecidos e impressoras 3-D.

A neutralidade da Suíça a transforma em um paraíso quando os conflitos aumentam as tensões entre Oriente e Ocidente. O líder norte-coreano Kim Jong-Un estudou na Escola Internacional de Berna quando adolescente, disse uma fonte com conhecimento do assunto.

"Produto de luxo"

“No Le Rosey você tem essa rede de contatos incrível: não é só um amigo no Brasil ou um amigo no México: são autoridades do governo, poderia ser o presidente”, disse Emma Vanbergen, diretora da consultoria educacional BE Education em Xangai.

Autoridades diplomáticas suíças ajudam a promover os internatos do país como parte da marca “feito na Suíça”, conhecida pela precisão e pela qualidade.

“É um produto premium”, disse Pascal Marmier, vice-cônsul-geral da Suíça em Xangai. “Não é para todo mundo”.

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