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Eletrobras e China são apostas em leilão de transmissão

São Paulo - O leilão de transmissão de energia marcado para o próximo dia 11 deverá ter novamente forte presença estatal e de estrangeiros, mas os lances de empresas espanholas, antes comuns, poderão ser substituídos por ofertas chinesas. O nível do deságio na licitação para construção, operação e manutenção de mais de 700 quilômetros de […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

São Paulo - O leilão de transmissão de energia marcado para o próximo dia 11 deverá ter novamente forte presença estatal e de estrangeiros, mas os lances de empresas espanholas, antes comuns, poderão ser substituídos por ofertas chinesas.

O nível do deságio na licitação para construção, operação e manutenção de mais de 700 quilômetros de linhas de transmissão dependerá do apetite chinês e da Eletrobras, segundo especialistas ouvidos pela Reuters.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) leiloará as concessões de nove lotes em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Alagoas e Bahia. Os investimentos são de 700 milhões de reais e vence quem oferecer a menor Receita Anual Permitida (RAP), o faturamento a que se tem direito pela prestação do serviço a partir da entrada em operação.

O lote mais disputado deverá ser o Araraquara-Taubaté (SP). Com 356 quilômetros, a RAP será de 31,2 milhões de reais.

"A política do governo é a de volta das estatais como grandes investidoras. Além disso, estamos em ano de eleições, e o governo pode mostrar competitividade", disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.

No ano passado, aconteceram dois leilões de transmissão. Ambos tiveram forte presença de empresas da Eletrobras (Eletrosul, Eletronorte, Furnas e Chesf), embora a Espanha ainda marcasse presença.

No primeiro deles, a espanhola Abengoa, em parceria com Eletronorte e Cteep, arrematou dois de 12 lotes.

No segundo, em novembro, a espanhola Cobra Instalaciones --que já tinha saído vencedora em leilão no fim de 2008-- se dispôs a ter faturamento 26,2 por cento inferior à receita máxima por um dos 8 lotes ofertados. 


No cômputo geral, o maior deságio no leilão de maio de 2009 foi de 47,2 por cento, enquanto no de novembro foi de 32,44 por cento.

Pires avalia que a época da marcante participação espanhola em leilões de energia acabou. "No começo da década, a Espanha cresceu muito e eles entraram no Brasil em infraestrutura, mas a situação mudou... Não descarto a participação, mas as ofertas não serão agressivas."

A expectativa de fraca participação de investidores espanhóis se explica, em parte, pela crise fiscal na zona do euro, inclusive na Espanha, deflagrada neste ano.

Para o professor do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro, "as empresas da Eletrobras serão mais ativas por terem dinheiro em caixa". Ele também prevê construtoras e fundos de investimento na disputa.

"O segmento de transmissão é uma caderneta de poupança em energia: pouco risco e rentabilidade pequena", comparou.

A Eletrobras confirmou à Reuters que participará do leilão de transmissão, mas não deu detalhes sobre lotes ou parcerias.

Presença chinesa

Na última semana, a estatal chinesa State Grid Corporation comprou sete das 12 empresas da Plena Transmissoras, de controle espanhol, por 3,1 bilhões de reais, marcando a chegada dos chineses no setor elétrico no Brasil.

O diretor-geral da Associação Brasileira das Transmissoras de Energia (Abrate), Cesar de Barros Pinto, acredita que a State Grid fará propostas já neste leilão. "Eles têm a vantagem de poder comprar equipamentos mais baratos, e acredito que eles já conhecem bem o modelo energético brasileiro."   


Já Castro, da UFRJ, discorda. "Normalmente, após uma aquisição como essa, eles aguardam para se posicionar. Leilões de transmissão ocorrem sempre, e eles devem esperar."

Outras candidatas são Cemig, Copel, Alupar e Cteep. Das quatro, apenas as duas últimas se manifestaram até o momento.

O Conselho da Alupar aprovou a participação da companhia, isoladamente ou em consórcio, no leilão de 11 de junho.

A Cteep informou que analisa as oportunidades de licitações "que agreguem valor e contribuam para a estratégia de crescimento da empresa, mas não se manifesta antecipadamente sobre negócios não efetivados".

As interessadas no leilão terão de 7 a 9 de junho para depositar as garantias. A lista dos qualificados será conhecida em 10 de junho.

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