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Eleições presidenciais no Equador devem ir para o segundo turno

As eleições presidenciais deste ano marcam o fim da era Rafael Correa, que conclui seu terceiro mandato em maio

Lenin Moreno, candidato da esquerda ao governo do Equador: eleição deve ir ao segundo turno (Mariana Bazo/Reuters)

Lenin Moreno, candidato da esquerda ao governo do Equador: eleição deve ir ao segundo turno (Mariana Bazo/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 07h02.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 07h25.

Dados oficiais, divulgados na madrugada de hoje (20), indicam que o candidato governista à presidência do Equador, o esquerdista Lenin Moreno, será o mais votado nas eleições desse domingo (19).

Mas ele provavelmente terá que disputar um segundo turno, no dia 2 de abril, com o segundo colocado, o conservador Guillermo Lasso.

No Equador, é possível ser eleito presidente em primeiro turno com o apoio de apenas 40% do eleitorado - desde que haja uma diferença de pelo menos dez pontos percentuais em relação ao segundo colocado.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com 81,4% dos votos apurados, Moreno estava na frente, com 38,9% dos votos, seguido por Lasso, com 28,5%.

Antes mesmo de a contagem de votos terminar, Lasso recebeu o apoio da candidata Cynthia Viteri, que ficou em terceiro lugar, com 16,3% dos votos.

Ela prometeu votar nele, em abril. Mas o presidente do CNE, Juan Pablo Pozo, alertou que só poderá confirmar a realização de uma segunda votação depois que todas as urnas forem apuradas.

As eleições presidenciais deste ano marcam o fim da era Rafael Correa, que conclui seu terceiro mandato em maio, depois de governar o Equador durante uma década.

Ele ainda conta com a aprovação de quatro em cada dez equatorianos, que associam os governos dele à estabilidade politica e econômica: de 1997 até a primeira eleição de Correa em 2006, o país teve oito presidentes, sendo que três foram depostos.

Economista com formação nos Estados Unidos e na Bélgica, Correa aproveitou a alta dos preços das commodities para investir em educação, saúde e infraestrutura, reduzindo a pobreza. Ele foi reeleito em 2009 e em 2013, mas também foi criticado por sua política personalista e populista e por avançar sobre as instituições e a imprensa.

Correa diz que vai voltar à Bélgica quando deixar o cargo: sua mulher é belga e dois de seus três filhos vivem na Europa. Seu candidato, o psicólogo cadeirante Lenin Moreno, promete continuar a Revolução Cidadã de Correa, de quem foi vice nos primeiros dois mandatos.

Considerado um conciliador, ele teria mais facilidade que seus padrinho politico para negociar com a oposição no Congresso. Mas o Equador que o próximo presidente herdará, enfrenta uma recessão, agravada pelo fim da bonança petroleira e pelos elevados gastos com a reconstrução, depois do terremoto de abril de 2016.

O fim de uma década de crescimento econômico favoreceu o ex-banqueiro Guillermo Lasso, que disputou as eleições presidenciais de 2013 e perdeu para Correa no primeiro turno.

Nesse domingo, ele comemorou antecipadamente o que considera ser uma vitória certa no segundo turno: Lasso já assegurou os votos conservadores da terceira colocada, Cynthia Viteri, e convocou os demais partidos da oposição para "uma mesa de governabilidade".

Paraísos fiscais

Um problema que Guillermo Lasso pode enfrentar, se for eleito, é o resultado do referendo sobre paraísos fiscais, que foi realizado ontem, juntamente com o primeiro turno das eleições presidenciais.

Dados oficiais divulgados na madrugada de hoje indicam que ganha o "sim" a proposta de Correa de proibir pessoas, com dinheiro ou bens em paraísos fiscais,de ocupar cargo público.

Se a vitória do "sim" for confirmada, políticos e funcionários públicos com investimentos em paraísos fiscais terão um ano para repatria-los antes de serem obrigados a deixar o cargo.

Lasso admitiu estar entre esses investidores que, segundo o governo, são responsáveis pela saída de US$ 30 bilhões. Ele também acusou Correa de adotar regras que dificultam a realização de investimentos no Equador.

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