O presidente Joe Biden, durante discurso na Casa Branca na terça, 5 (Nathan Howard/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 7 de março de 2024 às 14h04.
Última atualização em 7 de março de 2024 às 14h07.
O presidente Joe Biden fará nesta quinta, 7, o discurso do Estado da União. É uma tradição dos EUA: o líder do país vai até o Congresso e, em frente a todos os parlamentares, juízes da Suprema Corte e outras autoridades, destaca o que fez de positivo e fala dos planos para os próximos meses.
Para Biden, sua principal tarefa esta ano será repetir a disputa eleitoral contra Donald Trump, que ele venceu em 2020. O republicano teve sua candidatura liberada pela Suprema Corte, na segunda-feira, 4, e viu sua última rival nas primárias, Nikki Haley, desistir na quarta-feira, 6. Com isso, após o cenário definido nas primárias, a campanha eleitoral americana entra em nova fase e passa a se concentrar na disputa entre Trump e Biden.
Assim, segundo o New York Times, o democrata deve usar o discurso no Congresso para enaltecer números da economia, como o crescimento acima do esperado, a ausência de recessão e o baixo desemprego. O presidente também deve prometer medidas mais firmes contra a inflação e propor um aumento nos impostos cobrados de grandes empresas. Quando presidente, Trump buscou reduzir as taxas das empresas, o que marca uma diferença entre os dois na questão, que deverá ser um tema na campanha.
Do outro lado, Trump disse que estará pronto para retrucar e questionar os dados apresentados por Biden no discurso. "Informo que vamos fazer uma live sobre o discurso do Estado da União do 'crooked' [desonesto] Joe Biden. Vou corrigir, de forma rápida, todas as frases imprecisas. É importante para o país ter a VERDADE", prometeu o republicano, em postagem na sua rede social Truth Social.
Quem acompanhou o governo Trump (2017-2021) lembra como era comum ver postagens assim, em tom provocativo, diariamente. Após o 6 de janeiro de 2021, o republicano foi banido das principais redes sociais e suas falas passaram a repercutir bem menos fora de seus círculos de apoiadores. Com a campanha eleitoral, no entanto, as falas provocativas de Trump devem voltar a ganhar mais espaço, em uma reedição das estratégias que ele usou em 2016 [quando venceu] e em 2020 [quando perdeu, mas teve mais votos totais do que na eleição anterior]. Uma das grandes questões desta disputa é se o estilo Trump será capaz de atrair eleitores além de suas bases tradicionais.
Do lado de Biden, o discurso desta noite serve como mais um teste de sua estratégia para convencer os americanos de que ele merece um segundo mandato e marcar sua diferença com Trump. Será também uma chance para demonstrar energia e foco, semanas após uma nova onda de questionamentos sobre sua idade e agilidade mental. Qualquer deslize poderá ser usado para criar vídeos provocativos nas redes sociais, e Trump e sua equipe não vão perder nenhum segundo para aproveitar chances assim.