Keir Starmer, novo premiê do Reino Unido, com sua mulher, Victoria (Henry Nicholls/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 5 de julho de 2024 às 09h43.
Última atualização em 5 de julho de 2024 às 10h02.
As últimas horas foram de mudanças rápidas no Reino Unido. Horas após a apuração mostrar uma vitória arrasadora do Partido Trabalhista, o líder da legenda, Keir Starmer, já tomou posse como novo primeiro-ministro do país.
Ele teve uma reunião com o rei Charles 3º, recebeu o convite para formar um governo e, em seguida, se dirigiu para o número 10 de Downing Street, a residência do primeiro-ministro e sede do governo.
Em seu primeiro discurso, Starmer disse que "o trabalho de mudança começa imediatamente" e que o país precisa de um 'reset' nacional.
"Está muito claro que todos neste país precisam de um grande 'reset', uma redescoberta de quem somos. Não importa quão fortes são as tempestades da história, uma das maiores forças de nossa nação sempre tem sido nossa capacidade de navegar para águas mais calmas", discursou.
“Quando a distância entre o sacrifício feito pelos cidadãos e o serviço que recebem dos políticos se torna tão grande, isso leva ao cansaço do coração de uma nação, à erosão da esperança, do espírito, da crença em um futuro melhor. Mas devemos avançar juntos. Agora esta ferida, esta falta de confiança, só pode ser curada com ações e não com palavras, eu sei disso”, afirmou.
"Com respeito e humildade, eu convido vocês todos a se juntarem a este governo de serviço, na missão de uma renovação nacional", discursou. Ele disse que a reconstrução será 'calma e paciente', feita 'tijolo a tijolo'.
O novo premiê buscou também um discurso de conciliação. Prometeu governar para todos e fez elogios às conquistas do ex-premiê Rishi Sunak, que deixou o cargo.
Os trabalhistas conquistaram 412 dos 650 assentos do Parlamento britânico. Os conservadores, que estavam no poder desde 2010, levaram 121, uma queda de 250 posições. O partido Liberdade Democrática ficou com 71 assentos, e outras legendas levaram 44 vagas.
A queda do Partido Conservador, no governo desde 2010, ocorre após a realização do brexit, que retirou o país da União Europeia. A medida foi aprovada em 2016, mas foram quatro anos de disputas e confusão até ela ser efetivada, em 2020, pouco antes de a pandemia começar.
A combinação de brexit e pandemia trouxe danos severos para a economia britânica. A inflação chegou a 11% no fim de 2022, e hoje está na faixa dos 2%.
Starmer, 61 anos, começou a disputar eleições depois dos 50, após uma carreira bem-sucedida como advogado de direitos humanos. Ele nasceu em Londres, em 1962, e cresceu em Surrey, no sudeste do país. Seu pai era operário em uma fábrica e a mãe, enfermeira. Ele estudou direito em Leeds e Oxford.
Em 2008, foi nomeado chefe do Crown Prosecution Service, espécie de ministério público do país. Ele ficou no cargo até 2013. No ano seguinte, foi condecorado como cavaleiro, pelos bons serviços prestados.
Em 2015, foi eleito deputado pela primeira vez e recebeu a nomeação de ministro do interior paralelo, responsável por fazer oposição ao governo em temas como imigração. Ele também foi ministro paralelo sobre o brexit, e defendia um novo referendo.
Após a derrota feia dos trabalhistas em 2019, Starmer conseguiu conquistar a liderança do partido, com uma plataforma que defende medidas como a nacionalização de empresas de água e energia e mensalidades gratuitas em universidades.