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Eleições no Chile: conheça candidatos, favoritos e acompanhe as pesquisas

As eleições devem ocorrer no dia 16 de novembro – com possível desempate programado para o dia 14 de dezembro

Apoiadores do candidato Jose Antonio Kast no dia 11 de novembro.  (Marvin Recinos/AFP)

Apoiadores do candidato Jose Antonio Kast no dia 11 de novembro. (Marvin Recinos/AFP)

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 06h01.

No próximo domingo, 16, os chilenos votarão para eleger seu próximo presidente, com um possível desempate marcado para 14 de dezembro. O vencedor assumirá o posto no dia 11 de março de 2026.

No centro das preocupações dos eleitores estão questões de crime, emprego e imigração. Já que os termos constitucionais do país proíbem mandatos consecutivos, o atual incumbente Gabriel Boric não poderá se reeleger.

Veja os principais candidatos e suas políticas, e quem são os favoritos para ganhar a eleição.

Jeannette Jara, 51 – Partido Comunista do Chile

A candidata Jeannette Jara, no dia 11 de novembro. (Rodrigo Arangua/AFP)

Membro do partido comunista desde os 14 anos, e líder de uniões, Jara manteve um relativo anonimato político conforme servia no gabinete de Boric de março de 2022 a abril desse ano. Todavia, foi a vencedora surpresa das primárias da esquerda, conseguindo 60% dos votos.

A popularidade de Jara vem de seu enaltecimento das suas origens na classe trabalhadora, o que ressoa com muitos eleitores que podem perceber a política do país como muito elitista, o que a torna uma das favoritas, juntamente com Kast, de acordo com apuração da Americas Quarterly, revista que cobre política, negócios, economia e cultura nas américas.

Jara nasceu na comuna de Conchalí, no norte da capital de Santiago, onde não tinha acesso à agua encanada. Filha de um mecânico e uma construtora, Jeanette é a mais velha de 5 filhos. Tem diplomas em administração pública e em direito.

"O Chile é igual a uma família. Nem todos pensam igual, nem todos se amam igual, mas nem por isso deixa de ser família", gosta de repetir em suas intervenções.

Sob Boric, conseguiu vitórias legislativas: um aumento no salário-mínimo, uma redução nas horas de trabalho semanais de 45 para 40 horas, e uma reforma no sistema privado de pensões.

Embora se mantenha nas fileiras do Partido Comunista, faz parte de sua ala social-democrata e marcou diferenças com seus colegas mais ortodoxos.

"Ela se apresenta como dissidente", disse à AFP a jornalista Alejandra Carmona, autora da biografia "Jeannette".

A candidata comunista assumiu uma agenda contra o crime e de maiores controles migratórios, mais própria da direita.

"O tema da segurança pública será prioritário desde o primeiro dia", afirmou Jara na televisão.

Todavia, sua associação com o partido comunista e com Boric, cujas taxas de aprovação beiravam os 30% nesse ano também podem afastar eleitores, que estão com um humor geral contra o incumbente. As pesquisas mostram que, devido às preocupações com crime, desemprego e imigração eleitores também podem optar por um candidato mais conservador.

Johannes Kaiser, 49 – Partido Nacional Libertário

O candidato Johannes Kaiser fala com seus apoiadores, no dia 4 de novembro (Rodrigo Arangua/AFP)

Um libertário que conseguiu a fama no YouTube, Kaiser é um relativo novato na política, servindo na Câmara dos Deputados desde 2022. Até então associado ao Partido Republicano de José Antonio Kast, outro candidato presidencial, Kaiser saiu do partido e fundou o seu próprio, o Partido Nacional Libartário, em 2024.

Kaiser tem posições e propostas severas em temas como imigração e o combate ao crime, o que juntamente com o fato de ser um rosto novo na política, o torna um candidato popular entre eleitores que perderam a confiança em partidos e candidatos mais estabelecidos.

Além disso, observadores notaram que Kaiser performou bem em debates recentes, subindo nas pesquisas.

Todavia, certos comentários que fez podem afastar eleitores, como quando disse que fecharia a fronteira com a Bolívia se eleito, e por ter questionado o direito das mulheres de votar.

José Antonio Kast, 59 – Partido Republicano

O candidato José Antonio Kast com uma bandeira chilena, no dia 10 de novembro. (Marvin Recinos/AFP)

Com ampla carreira política, e concorrendo pela terceira vez, Kast serviu no congresso de 2002 a 2018. Conservador, fundou seu próprio partido em 2019, e foi um crítico aberto da revisão constitucional liderada pela direita em 2022. No ano seguinte, chegou a propor, junto de seu partido, sua própria revisão constitucional, pendendo para a direita, que foi recusada em um referendo.

Sua proposta se resume na luta implacável contra o crime e os imigrantes irregulares, atingindo o núcleo das principais preocupações dos eleitores. Com isso, se torna um dos favoritos nessas eleições.

Admirador de Pinochet, deixou de lado desta vez temas como sua rejeição ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Também admitiu que possui um revólver de cinco tiros e que quer aumentar o poder de fogo da polícia. Em um ato aberto de campanha, fez seu discurso protegido por um vidro blindado.

Kast faz contagem regressiva para os dias que faltam para concretizar seu plano de expulsão em massa de imigrantes em situação irregular sob seu eventual governo.

"Se não o fizerem voluntariamente, vamos procurá-los para expulsá-los", ameaça.

Pode perder votos por ter fragmentado a direita, juntamente com Kaiser, após ambos terem se recusado a participar das primárias com Evelyn Matthei e sua coalizão, preferindo atuar como a oposição dentro da direita.

Evelyn Matthei, 72 – União Democrata Independente

A candidata Evelyn Matthei no dia 10 de novembro. (Raul Bravo/AFP)

Concorrendo pela segunda vez, Evelyn Matthei também é uma veterana política. Serviu como deputada nacional de 1990 a 1998, e depois serviu mais dois termos no Congresso, começando em 1998 e renunciando em 2011 para servir como Ministra do Trabalho sob o então presidente Sebastián Piñera. Mais recentemente governou o distrito de Providencia em Santiago por dois termos.

É a candidata de uma coalizão da direita tradicional que é formada por 4 partidos, incluindo o seu, chamada Chile Vamos. Atraiu eleitores por ser mais moderada do que as posições consideradas extremistas de Jara, Kast e Kaiser, negociando com representantes políticos através do espectro. Todavia, ainda advoca por políticas severas em termos de imigração e segurança, com investimentos na polícia e na construção de presídios.

Informações do Americas Quarterly mostram que a quantidade de eleitores que ou votariam nela ou considerariam votar nela é de 60%, a mais alta dos candidatos, e que a taxa de eleitores que não considerariam votar nela é de 40%, a mais baixa. Matthei também tem o apoio de partidos do centro, que não necessariamente fazem parte de sua coalizão e conta com o maior apoio das mulheres entre todos os candidatos.

Todavia, sua posição nas pesquisas é volátil, subindo e caindo dependendo da organização interna de sua coalizão.

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