Putin fez parcerias estratégicas com a China e preocupa o Ocidente por causa da Coreia do Norte (Contributor/Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 15 de março de 2024 às 07h08.
Última atualização em 15 de março de 2024 às 10h12.
Não há surpresas quanto a quem vencerá as eleições presidenciais da Rússia no próximo fim de semana, com o atual presidente, Vladimir Putin, pronto para conquistar um quinto mandato, que irá mantê-lo no poder até pelo menos 2030. Ele assumiu em 2000. Podemos aí descontar o período de 2008 a 2012, quando Dmitry Medvedev foi o presidente, mas quem governava de facto era Putin, na época primeiro-ministro. Medvedev é hoje vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia.
As eleições no país, que acontecem de hoje a domingo, serão marcadas por uma total ausência de figuras importantes da oposição. A mais importante delas, Alexei Navalny, morreu enquanto fazia uma caminhada dentro de um complexo prisional na Sibéria. O Kremlin nega ter participação no episódio. Navalny é só mais um de opositores de Putin que morreram em condições suspeitas nos últimos anos.
Oficialmente, as cédulas do pleito presidencial de 2024 terão os nomes de Putin, Vladislav Davankov do partido Novas Pessoas, Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrático (LDPR) e Nikolay Kharitonov, candidato do Partido Comunista. Um jogo de cena apenas.
Vistos como oponentes políticos simbólicos, cujos partidos geralmente apoiam o governo, a inclusão nas cédulas de votação foi projetada para dar um grau de respeitabilidade ao voto e uma aparência de pluralidade ao sistema político efetivamente autocrático da Rússia, segundo a CNBC.
No entanto, refletindo o nervosismo do Kremlin em relação a qualquer possibilidade de reviravolta eleitoral, até mesmo os candidatos que eram apenas marginalmente representativos da "oposição não sistêmica", como os candidatos antiguerra Yekaterina Duntsova e Boris Nadezhdin, foram impedidos de participar da eleição pela Comissão Eleitoral Central da Rússia. A proibição foi amplamente considerada como tendo motivação política.
Yulia Navalnaya, viúva de Navalny, pediu aos eleitores russos que votassem em "qualquer candidato, exceto Putin" e conclamou os cidadãos a votarem em massa ao meio-dia, horário local, no domingo, com a intenção de lotar as seções eleitorais. Ela também pediu ao Ocidente que não reconhecesse o resultado da eleição. Os oponentes do Kremlin também convocaram seus apoiadores no exterior para protestar em frente às embaixadas russas no domingo.
Mais de 110 milhões de cidadãos russos estão aptos a votar na eleição, bem como cerca de 6 milhões de pessoas que vivem em quatro territórios parcialmente ocupados pela Rússia no sul e no leste da Ucrânia.
O índice de aprovação de Putin está no nível mais alto desde 2016, com 86% em fevereiro, de acordo com o Centro Levada independente.
Para especialistas, Putin vem mantendo-se no poder de forma tranquila nas últimas décadas a partir de uma política de "conformismo e medo". Ambos os fatores certamente foram ampliados desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, com qualquer crítica percebida à "operação militar especial" - retratada como uma defesa gloriosa e patriótica da Rússia - podendo levar os cidadãos à prisão. Estima-se que 315.000 soldados russos tenham sido feridos ou mortos no conflito. A Rússia não divulga números de mortes ou baixas.
De acordo com dados oficiais, Putin recebeu 77,5% dos votos válidos na eleição presidencial de 2018, que registrou um comparecimento de 67,5%. O Kremlin espera números maiores este ano.Apesar das fortes sanções que vem sofrendo do Ocidente desde o início da guerra contra a Ucrânia, a economia russa não "afundou" como muitos especialistas previam. Os acordos amplos com a China e a venda de petróleo e gás a preços competitivos a parceiros estratégicos foram fundamentais para isso. Já a aliança com a Coreia do Norte é um movimento que causa preocupação em EUA, Europa, Japão e Coreia do Sul.