Eleições na Rússia: As pessoas votaram na seção eleitoral durante as eleições presidenciais da Rússia em meio à guerra Rússia-Ucrânia em Belgorod, Rússia (Emil Leegunov/Anadolu/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 15 de março de 2024 às 16h12.
Os russos votam, a partir desta sexta-feira, 15, em uma eleição na qual o presidente Vladimir Putin, no poder há 24 anos, tem garantido um novo mandato de seis anos. A eleição mantém pouco suspense já que Putin, de 71 anos, chega à corrida presidencial com oponentes discretos, de partidos simbólicos da oposição que são alinhados ao Kremlin.
A disputa acontece um momento de tensões acirradas no país, um mês após a morte do principal crítico do Kremlin, Alexei Navalni em uma prisão do Ártico.
Os críticos de Putin ainda esperam atrapalhar a votação. A viúva de Navalni, Yulia Navalnaya, apelou aos eleitores para que se reunissem diante dos locais de votação ao meio-dia de domingo, último dia de votação, como forma de protesto.
A vitória do presidente russo nestas eleições sem oposição lhe permitirá permanecer no poder até 2030, mais tempo do que qualquer líder russo desde Catarina, a Grande, no século 18. Veja abaixo o que saber sobre as eleições na Rússia.
Apenas três candidatos - de partidos amigos do Kremlin - foram autorizados a concorrer. O regime utiliza-os para dividir e fragmentar qualquer oposição real.
Nikolai Kharitonov, 75 anos, do Partido Comunista, é uma figura incolor que concorreu contra Putin em 2004 e obteve 13% dos votos.
O nacionalista linha-dura Leonid Slutsky, 56, do Partido Liberal Democrata, apelou à execução de prisioneiros de guerra ucranianos.
Vladislav Davankov, 40 anos, do Partido do Novo Povo, é um político discreto que apoia a guerra e foi coautor de uma lei que proibia as pessoas trans de mudarem de gênero em documentos ou de receberem cuidados médicos de afirmação de gênero.
Uma pesquisa de fevereiro realizada pelo Levada Center, uma agência de sondagens independente, pediu aos russos que nomeassem o político em quem confiavam: 52% disseram Putin; 3% chamados Slutsky; e Kharitonov e Davankov foram nomeados cada um por 1%.
Dois candidatos antiguerra, Yekaterina Duntsova e Boris Nadezhdin, foram impedidos de concorrer depois que a Comissão Eleitoral Central afirmou ter encontrado falhas nas assinaturas de que precisavam para ganhar um lugar nas urnas. Em 2006, a comissão retirou a opção de votar contra todos os candidatos, eliminando o risco de votos de protesto.
A votação dura três dias e elege somente o presidente. Os locais de votação abriram às 8h locais (17h de quinta-feira, no horário de Brasília) na península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, um país com 11 fusos horários, e fecharão as portas no domingo às 20h locais (15h em Brasília) em Kaliningrado, um enclave russo localizado entre a Polônia e a Lituânia.
A votação também ocorre nos territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia e na Transnístria, um território separatista pró-Rússia localizado na Moldávia.
Os russos também podem votar online, sendo a primeira vez que esta opção é utilizada numa disputa presidencial.
Um segundo turno ocorre em três semanas se nenhum concorrente alcançar mais da metade dos votos, embora seja pouco provável que isso aconteça.
Com os principais opositores de Putin mortos, na prisão ou no exílio, o resultado da votação não deixa margem para dúvidas. As autoridades eleitorais excluíram os poucos candidatos da oposição que tentaram desafiar Putin, e uma pesquisa estatal no início da semana previu que ele deve obter mais de 80% dos votos.
Tanto a Ucrânia como os governos das potências ocidentais descreveram as eleições como uma "farsa". O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, felicitou sarcasticamente Putin pela sua "vitória esmagadora" nesta sexta-feira.
Para além do fato de terem sido apresentadas poucas opções aos eleitores, as possibilidades de checagem independente são muito limitadas. Nenhuma missão significativa de observação internacional está presente nas eleições. Apenas os candidatos registados ou órgãos consultivos apoiados pelo Estado podem indicar observadores para as assembleias de voto, diminuindo a probabilidade de existirem vigilantes independentes.
A contagem deve ser anunciada no domingo à noite, no horário de Moscou.