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Eleições na Catalunha abrem cenário de pactos políticos

Artur Mas, que tinha uma folgada maioria de 62 deputados em um Parlamento de 135 cadeiras, ficou no pleito com 50 parlamentares


	O presidente da Catalunha, Artur Mas: a configuração do arco parlamentar catalão, com sete partidos, permite a CiU buscar pactos com pelo menos três grupos
 (Josep Lago/AFP)

O presidente da Catalunha, Artur Mas: a configuração do arco parlamentar catalão, com sete partidos, permite a CiU buscar pactos com pelo menos três grupos (Josep Lago/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 17h21.

Barcelona/Madri - As eleições regionais realizadas no domingo na Catalunha abriram um cenário político complexo, no qual o líder nacionalista e presidente regional, Artur Mas, terá que pactuar com outras forças por não ter alcançado a maioria absoluta que buscava ao antecipar o pleito.

Os resultados obtidos pela Convergência e União (CiU), coalizão liderada por Mas - que ganhou o pleito, mas perdeu 12 deputados -, foram avaliados nesta segunda-feira pelas principais forças políticas espanholas como um forte revés para o presidente catalão.

Artur Mas, que tinha uma folgada maioria de 62 deputados em um Parlamento de 135 cadeiras, ficou no pleito com 50 parlamentares após antecipar em dois anos as eleições para iniciar um processo que contempla a convocação de um referendo sobre o status futuro da Catalunha em relação à Espanha.

Apesar reconhecer que os resultados diminuíram sua força para liderar sozinho essa iniciativa, Mas confirmou na noite do domingo que mantém seu plano.

O grande vencedor das eleições foi a ERC, formação de esquerda, republicana e independentista, que passou de dez cadeiras para 21.

Este resultado a transforma na segunda força parlamentar catalã, deslocando dessa posição o Partida Socialista, que ficou com 20 cadeiras ao perder oito deputados.

O líder da ERC, Oriol Junqueras, assegurou hoje que seu partido não pretende fazer parte do próximo governo catalão, mas se declarou disposto a pactuar uma agenda de objetivos com a CiU que inclua a manutenção da "via defensora da soberania" proposta por Mas, com um referendo de autodeterminação.


Em entrevista coletiva, Junqueras expôs suas "condições", que resumiu em "uma agenda nacional clara e explícita (apoio à realização de um referendo) e uma mudança econômica", centrado em "um reequilíbrio da pressão fiscal" para centrá-lo nos que têm "mais recursos", e menos cortes sociais.

Em sua avaliação dos resultados, destacou que "dentro do bloco defensor da soberania há um deslocamento rumo ao partido que falou de independência de forma mais explícita, que é o ERC, e no âmbito ideológico há um deslocamento da centro-direita para a centro-esquerda".

O Partido Popular (PP), que governa a Espanha, pediu hoje a Artur Mas que retifique seus planos de soberania.

Nas palavras do líder "popular" e presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, citado pela vice do PP, María Dolores de Cospedal, a estratégia de Artur Mas com a antecipação eleitoral foi um "fiasco".

Em entrevista coletiva em Madri, María Dolores destacou que o presidente catalão "foi o melhor agente eleitoral da ERC".

Acompanhada por Alicia Sánchez Camacho, a candidata do PP na Catalunha, que conseguiu aumentar em uma cadeira a representação "popular" no Parlamento regional, considerou "extremamente complicado" que seu partido apoie a CiU.

Para Alicia, ao antecipar as eleições, Mas levou a Catalunha a uma situação de "maior instabilidade" na qual um eventual pacto CiU-ERC "radicalizaria a política catalã".


O Partido Socialista, deslocado pelos independentistas da ERC do tradicional segundo posto que ocupava na Catalunha, um de seus grandes redutos de votos nas eleições gerais, pediu hoje a CiU que recupere "sua identidade".

O líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Alfredo Pérez Rubalcaba, também insistiu no cenário complicado que se abre na Catalunha e evitou pronunciar-se sobre um eventual pacto de seu partido com Mas, responsabilidade que deixou nas mãos do grupo catalão de sua formação.

O Partido Socialista, perante o plano defensor da soberania do presidente catalão, defendeu em sua campanha uma Espanha federal e a possibilidade de uma consulta acontecer dentro do marco da legalidade.

O Governo espanhol lembrou ao presidente catalão quando apresentou seu plano com a convocação de um referendo que essa consulta não está contemplada dentro da Constituição e que, em todo caso, teria que ser feita com todos os espanhóis.

A configuração do arco parlamentar catalão, com sete partidos, permite a CiU buscar pactos com pelo menos três grupos: ERC (21 cadeiras), socialistas (20) e o PP (19), com os quais alcançaria a maioria necessária negada pelas urnas, mas com condições muito diferentes com cada um deles. 

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