Bolívia decide eleição entre Rodrigo Paz e Jorge Quiroga no segundo turno (foto/Getty Images)
Redatora
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 16h15.
A Bolívia definirá em 19 de outubro quem será seu próximo presidente. A disputa do 2º turno será marcada por um confronto inédito entre duas candidaturas de direita.
O senador Rodrigo Paz enfrentará o ex-presidente Jorge Quiroga após surpreender no primeiro turno e liderar a votação do último domingo, 17.
A disputa histórica ocorre após 20 anos de governos de esquerda liderados pelo Movimento Ao Socialismo (MAS).
O resultado reflete a rejeição do eleitorado ao MAS, partido associado à crise econômica que afetou o país nos últimos anos, com à escassez de dólares, combustíveis e alguns produtos básicos, além de uma inflação anual de quase 25%, a maior em 17 anos.
Rodrigo Paz Pereira, de 57 anos, é economista e filho do ex-presidente social-democrata Jaime Paz Zamora (1989-1993). Nascido em Santiago de Compostela, Espanha, durante o exílio da família na ditadura militar, Paz tem nacionalidade boliviana e espanhola.
Senador por Tarija, no sul da Bolívia, ele também foi deputado e prefeito de sua região. Sua vitória no primeiro turno surpreendeu, já que pesquisas recentes o colocavam entre o terceiro e o quinto lugar.
Paz fez uma campanha discreta pelo Partido Democrata Cristão, prometendo medidas econômicas para classes médias e baixas, como créditos mais baratos, importação facilitada de produtos e reforma tributária para incentivar a indústria nacional.
Seu candidato a vice-presidente, Edman Lara, capitão da polícia, reforça a imagem de combate à corrupção dentro das instituições.
Jorge Fernando Quiroga Ramírez, 65 anos, é engenheiro formado na Universidade A&M do Texas, ex-funcionário da IBM, e candidato da aliança política Livre. Conhecido como "Tuto", ele foi vice-presidente do ex-ditador Hugo Banzer e assumiu a presidência da Bolívia entre 2001 e 2002 após a renúncia de Banzer.
Quiroga já disputou a presidência em 2005 e 2015, mas alcança agora maior possibilidade de vitória. Ele se apresenta como liberal e atrai também votos conservadores.
Em sua plataforma, promete reduzir o déficit fiscal, privatizar empresas públicas deficitárias, abrir mercados para investimentos internacionais e propor uma nova Constituição com mudanças profundas.
O atual cenário marca o fim do período de liderança do MAS iniciado com Evo Morales, que foi o último presidente eleito do partido e governou a Bolívia por quase 14 anos, entre 2006 e 2019, deixando o cargo após protestos e pressão política.