Eleições na Argentina: ministro da Economia Sergio Massa é candidato à presidência do país (Tomas Cuesta /Getty Images)
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Publicado em 18 de novembro de 2023 às 08h00.
Em meio a uma grave crise econômica, a Argentina vai às urnas neste domingo, 19, no segundo turno das eleições para a presidência do país. A disputa está entre o ultraliberal Javier Milei e o atual ministro da Economia Sergio Massa, candidato da coligação peronista União pela Pátria.
É a segunda vez que Massa concorre à presidência, depois da derrota em 2015. Ele enfrenta um momento conturbado na política e na economia, com acúmulo de 147% da inflação nos últimos 12 meses e aumento da pobreza.
O ministro da Economia argentino conquistou 36,68%% dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais da Argentina, que ocorreu em 22 de outubro. Seu principal rival, Javier Milei, obteve 30,06%, como mostrou apuração de 100% das mesas eleitorais, segundo a agência France Press (AFP).
O candidato governista conseguiu se recuperar durante a campanha eleitoral. A coligação de Massa, Unión por la Patria, havia tido 27,27% dos votos nas primárias, em agosto, e ficou em terceiro lugar. Milei ficou em primeiro lugar, com 30,04%, e o Juntos por el Cambio, de Patricia Bullrich, veio em segundo, com 28,27%.
Massa foi beneficiado por uma forte votação em Alex Kicilof, colega de coligação e também peronista, que disputou a reeleição para governar a província de Buenos Aires. A região concentra 37% dos eleitores do país.
A posse do novo presidente será realizada em 10 de dezembro.
Com mais de 30 anos de carreira na política, Sergio Tomás Massa, de 51 anos, chefia o Ministério da Economia argentino desde 2022. Ele nasceu em 28 de abril de 1972, em San Martín, na província de Buenos Aires, vindo de uma família de imigrantes italianos.
Durante sua formação em direito, ele integrou o partido liberal Unión del Centro Democrático (UCEDÉ) no final dos anos 1980, na época associado ao peronismo. No início da década de 1990, Massa ganhou notoriedade com o apoio das líderes políticas Cristina Camaño e Marcela Durrieu, sua sogra. Ela o apresentou à filha, Malena Galmarini, com quem se casou e teve dois filhos.
Em 1999, aos 27 anos, Massa conseguiu seu primeiro cargo público, quando foi eleito deputado provincial de Buenos Aires. Entre 2002 a 2007, liderou a Administração Nacional da Previdência Social (ANSES), época em que contemplou a presidência da república interina de Eduardo Duhalde e os primeiros anos de seu sucessor, Néstor Kirchner.
Massa também foi prefeito da cidade de Tigre, nos arredores de Buenos Aires, em 2007. Entre 2008 e 2009, ele se tornou chefe de gabinete na presidência de Cristina Kirchner.
Quatro depois, ele rompeu com a então chefe de Estado, ao vencê-la na província de Buenos Aires nas eleições legislativas de metade do mandato. Na época, Massa liderou uma campanha para evitar o que chamou de “tentativa de ter uma Cristina eterna”. Tanto que, no mesmo ano, ele criou a Frente Renovadora, um partido de centro como alternativa a Kirchner
Enquanto simpatizante do kirchnerismo, o político passou a ter vínculos com setores católicos antiperonistas, com a embaixada dos Estados Unidos e com o poder econômico. No entanto, em 2019, ele deixou as diferenças com o kirchnerismo de lado e formou uma aliança com Alberto Fernández, candidato à presidência na época, e Cristina contra a reeleição de Maurício Macri. A partir disso, criou um plano para ser o sucessor do presidente.
Ele assumiu o cargo de ministro da Economia em julho de 2022, durante um momento complicado, após as abruptas renúncias dos seus antecessores Silvina Batakis e Martín Guzmán, segundo a AFP.
Sergio Massa concorre nestas eleições como candidato da Unión por la Patria, aliança de vários setores do peronismo, incluindo o de Cristina Kirchner, a vice-presidente. Ela e o presidente Alberto Fernández estiveram visivelmente ausentes da campanha presidencial. No entanto, a ex-presidente da Argentina atua nos bastidores.
De acordo com a AFP, dentro e fora da política, Massa tem a fama de advogado carismático e, principalmente, de ex-dirigente de futebol. O candidato à presidência da Argentina este à frente do clube Tigre, o qual levou à Primeira Divisão do futebol.
O governo argentino determinou que trabalhadores que ganham até 1,7 milhão de pesos argentinos por mês não pagarão imposto de renda. A medida pode atingir mais de 90% da população.
Em agosto, o ministro da economia argentino anunciou um acordo com as refinarias e produtores para congelar os preços de combustíveis até 31 de outubro, após o primeiro turno das eleições.
Massa determinou também que as empresas que não seguissem a decisão perderiam seus benefícios fiscais. Ele também lançou um sistema de reclamações para a população no Ministério da Energia para realizar esse acompanhamento de preços.
Sergio Massa anunciou um auxílio para trabalhadores informais entre 18 e 64 anos que não sejam aposentados ou recebam qualquer outro auxílio do governo. A medida foi adotada pelo ministro, com a justificativa de que o valor compensaria a desvalorização da economia do país.
O valor do benefício é de 47 mil pesos e será pago em duas parcelas iguais, em outubro e novembro.
O governo argentino criou um bônus salarial mensal variável para trabalhadores do setor público, privado e para aposentados e pensionistas.
Para os trabalhadores do setor público, foi estabelecido o valor fixo de 60 mil pesos, que será pago em duas parcelas em setembro e outubro para 390 mil funcionários da administração pública que recebem salários líquidos de até 400 mil pesos por mês.
Em relação ao setor privado, duas parcelas de US$ 30 mil serão pagas nos meses de setembro e outubro. O benefício é válido para quem recebe salários líquidos de até 400 mil pesos por mês. O governo absolveu o custo nas micro e pequenas empresas.
Para aposentados e pensionistas, o bônus de 37 mil pesos será pago nos meses de setembro, outubro e novembro.
O ministro da economia anunciou a devolução de impostos cobrados a partir de agosto sobre produtos da cesta básica para 18 milhões de argentinos. A iniciativa ocorre, depois que a inflação da Argentina chegou a dois dígitos.
Massa apresentou um bônus único de 25 mil pesos em duas parcelas para as empregadas domésticas. Para os empregadores com rendimentos de até 2 milhões de pesos mensais, o governo argentino reembolsará 50% deste reforço.
O benefício para a população de baixa renda recebeu um reforço em meio à disputa eleitoral. Duas parcelas mensais extras serão pagas, conforme o número de filhos da família. Beneficiários com um filho receberá 10 mil pesos; com dois filhos, 17 mil pesos; e, com três filhos, 23 mil pesos. O valor do cartão vai ter um aumento de 30% em média.
O governo criou uma linha de crédito para trabalhadores de até 400 mil pesos, em 24, 36 ou 48 quotas. Cada quota não poderá exceder 30% da renda mensal e o valor será depositado em um cartão de crédito bancário em até cinco dias úteis. A taxa de juros será equivalente a 50% da atual taxa de financiamento bancário no país.
Para agradar o agro local, Massa autorizou a isenção de impostos sobre a exportação de produtos agrícolas com valor industrial agregado, como vinho, arroz e tabaco, e a entrega de fertilizantes.
Massa anunciou o lançamento de um programa para estimular o turismo. A medida devolve 70% do valor gasto em viagens pelo país, limitado a 1.000 pesos, entre 29 de setembro e 17 de outubro.