Os candidatos Javier Milei (à esq.) e Sergio Massa (Alejandro Pagni e Luis Robayo/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 1 de novembro de 2023 às 15h23.
Última atualização em 9 de novembro de 2023 às 19h11.
Pesquisas eleitorais divulgadas na Argentina nos últimos dias mostram o ministro da Economia, Sergio Massa, à frente do deputado Javier Milei, com vantagens variadas.
Um levantamento da Zuban Córdoba, divulgado pelo jornal Clarin nesta quarta (1º), aponta Massa com 45,4% de preferência, ante 43,1% de Milei. O ministro, no entanto, tem 56,7% de rejeição, e o deputado, 54,3%. O levantamento ouviu 2.000 pessoas nos dias 28 e 29 de outubro.
Outro estudo, da consultoria Analogías, deu 42,4% para Massa e 34,3% a Milei, com 17,5% de indecisos. A pesquisa ouviu 1.954 argentinos, etre 23 e 25 de outubro. A Analogías costuma ser contratada para fazer pesquisas para o grupo político da vice-presidente Cristina Kirchner.
A Analogias aponta que Massa captou cerca de 15% dos eleitores de Patrícia Bullrich, que seguem dispersos entre várias opções, e que ele também ganhou votos entre mulheres e eleitores de menos escolaridade.
Já a consultoria Proyección apontou 44,6% para Massa, contra 33,2% de Milei. O instituto ouviu 1.459 nos dias 23 e 24 de outubro, logo após a votação de primeiro turno. A Proyeccion também mediu a rejeição aos candidatos. 40,5% dos eleitores disseram que jamais votariam em Massa, e 45,3% não apoiariam Milei.
A Argentina tem diversos institutos de pesquisa eleitoral, sem que haja dois ou três principais, como ocorre no Brasil.
No primeiro turno, realizado em 22 de outubro, Massa liderou a votação, com 36% de preferência. Milei teve 30% e Patricia Bullrich, 23%. Com isso, uma das grandes questões do segundo turno é como os eleitores de Bullrich votarão nesta nova rodada.
Bullrich declarou apoio a Milei, que também foi endossado pelo ex-presidente Mauricio Macri (2015-19). Apesar dos apoios de peso, no entanto, o partido Juntos por el Cambio não aderiu por completo a Milei e vive um racha interno.
Milei precisa conquistar os eleitores de Bullrich para chegar à Presidência. Na prática, ele não conseguiu conquistar novos eleitores entre as primárias, em agosto, e a votação do primeiro turno: ficou com cerca de 30% de preferência nos dois pleitos. O candidato ultraliberal tem buscado atacar Massa e colocá-lo como um dos culpados da crise argentina. "Nesta eleição, ha duas alternativas: a certeza de continuar por esse rumo empobrecido que Massa e seu governo representam, ou a oportunidade de mudar para voltar a abraçar ideias que fizeram grande este país", postou o deputado nesta quarta.
Massa, que também busca conquistar parte do eleitorado de Bullrich, teve de lidar com uma crise de falta de combustíveis, já que também integra o governo atual, e vai avançando em formas de atacar Milei, como tentar mostrá-lo como uma pessoa explosiva e despreparada.
O ministro também tem atacado a aliança de Macri e Milei. "Acumularam dois setores da oposição e repartiram cargos", disse, em uma entrevista. Massa também criticou Macri feito pelo acordo com o FMI que ele fechou quando era presidente e que ainda está sendo pago. "Neste ano se pagaram 12 bilhões de dolares da dívida. É uma âncora para nossa economia, e 66% desse empréstimo foi para financiar os apostadores financeiros. Ele tem que dar explicações", disse Massa. "Timba", cuja tradição literal é jogo de azar, virou uma forma pejorativa de se referir aos agentes financeiros que conseguem lucros com base nas variações bruscas da economia argentina.
O próximo grande ato da campanha será em 12 de novembro, com um debate na TV entre Massa e Milei, em que eles poderão se enfrentar diretamente em público. A votação ocorre uma semana depois, no dia 19, e a posse do novo presidente está prevista para 10 de dezembro.