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Eleições na Alemanha: o que acontece agora após queda do governo Scholz?

País terá eleições antecipadas em fevereiro, em meio a crises na política e na economia

Vista geral do Bundestag, o Parlamento da Alemanha, em Berlim (John MacDougall/AFP)

Vista geral do Bundestag, o Parlamento da Alemanha, em Berlim (John MacDougall/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 17h13.

O governo da Alemanha, sob comando do premiê Olaf Scholz, perdeu um voto de confiança no Parlamento nesta segunda-feira, 16. Com isso, a gestão será dissolvida e as eleições nacionais serão antecipadas, para fevereiro.

Scholz teve 207 votos a seu favor, 394 contra e 116 abstenções. Ele convocou um voto de confiança no Bundestag, a Câmara Baixa do Parlamento, onde perdeu maioria, após a implosão da aliança entre social-democratas (SPD), ecologistas e liberais (FDP) que governava o país desde 2021.

Com o resultado da votação, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, terá três semanas para dissolver a Câmara e convocar novas eleições. Um acordo entre os partidos prevê que a votação será feita em 23 de fevereiro.

Entenda o que é voto de confiança

O premiê alemão queria perder o voto de confiança para poder antecipar as eleições e, assim, retomar ao poder com mais força em seguida, caso consiga boa votação. Ele fica no cargo até a eleição, mas com poderes limitados.

No Parlamentarismo, os governos podem ser derrubados a qualquer momento. Quando um governo perde apoio da maioria dos deputados, como quando um ou mais partidos saem da coalizão governista, pode ser convocado um voto de confiança, ou de desconfiança.

Nesta votação, os parlamentares dizem oficialmente se apoiam ou não o governo atual. Se a maioria der seu voto de confiança, o governo prossegue até o fim do mandato previsto. Caso contrário, o Parlamento atual é dissolvido e novas eleições são convocadas.

Por que Scholz queria 'perder' o voto de confiança?

Como sua coalizão havia perdido força com a saída do partido FDP, Scholz não tnha força para aprovar medidas e governar de fato. Assim, a dissolução do Parlamento abre caminho para novas eleições, nas quais ele poderá se eleger novamente e ter mais poder.

Na nova eleição, ele poderá também formar uma nova coalizão de governo, atraindo outros partidos que hoje não fazem parte do bloco governista.

O que dizem as pesquisas na Alemanha?

O bloco CDU/CSU (Democratas Cristãos), da ex-chanceler Ângela Merkel, lidera as pesquisas, com 32,4%, de acordo com um agregador de pesquisas do Financial Times.

Em segundo lugar, está a AfD (Alternativa para a Alemanha), de extrema-direita, está em segundo lugar, com 18,1% das intenções de voto, quase o dobro do que teve nas últimas eleições, em 2021 (10,3% dos votos).

O SPD, vermelho, do atual chanceler Olaf Scholz, tem 15,8% de preferência.

Por que o governo da Alemanha caiu?

O governo da Alemanha, que foi dissolvido, é formado por uma coalizão, apelidada de semáforo, que une o SPD (Partido Social Democrata), conhecido pela cor vermelha, o FDP (Democratas Livres), amarelo, e o Partido Verde.

Esta coalizão sofreu um colapso em 6 de novembro, após a demissão de Christian Lindner como ministro das Finanças. A saída do governo do político do partido liberal do FDP por divergências sobre o orçamento deixou Scholz em minoria no Bundestag, o que paralisou qualquer iniciativa legislativa.

A crise foi o resultado de meses de disputas entre os três partidos do governo sobre a política econômica, questões como migração e confrontos pessoais. As divergências sobre o plano orçamentário para 2025, que deveria ser concluído em novembro, acabaram derrubando a aliança.

Problemas econômicos

A crise política na Alemanha se soma à freada na economia. O país deve fechar 2024 com o segundo ano consecutivo de queda no PIB: houve encolhimento de 0,3% em 2023 e o governo prevê queda de 0,2% neste ano.

Ao mesmo tempo, a Alemanha enfrenta inflação alta, que somou 5,9% em 2023 e deve atingir 2,2% no final de 2024.

A Alemanha enfrenta dois problemas: o avanço da concorrência da China em produtos industriais cada vez mais complexos, como os carros, e a alta do preço de energia após a Guerra da Ucrânia.

No começo de dezembro, funcionários da Volkswagen entraram em greve contra um corte de 10% nos salários e o risco de fechamento de fábricas, em análise pela empresa, que enfrenta queda nas vendas.

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