Albânia: desde a queda do regime comunista, em 1990, os resultados das eleições foram sistematicamente contestados (Wikimedia Commons / Brams)
Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2013 às 10h50.
Um ativista da oposição de esquerda foi baleado e morto próximo a um colégio eleitoral neste domingo na Albânia, onde eleições legislativas são realizadas, com grandes chances de serem contestadas.
"O incidente pode estar relacionado com a eleição", declarou à AFP um porta-voz da polícia, Alma Katragjini, sem fornecer mais detalhes.
Entre os três feridos, um era ativista do partido governista de direita do primeiro-ministro Sali Berisha, indicou uma fonte policial.
O incidente ocorreu em Laç, 40 km ao norte de Tirana.
Estas eleições estão sendo monitoradas de perto por Bruxelas que, por duas vezes, se recusou a conceder ao país o status de candidato à adesão à União Europeia.
Desde a queda do regime comunista, em 1990, os resultados das eleições foram sistematicamente contestados por suspeitas de fraudes e irregularidades.
Após disputas entre o governo de direita e a oposição de esquerda, três dos sete membros da Comissão Eleitoral Central (CEC) renunciaram em abril, deixando a entidade sem a maioria necessária de cinco votos para declarar os resultados das eleições.
"Tenho encorajado os líderes políticos a evitarem qualquer ação que possa ter um impacto negativo no desenvolvimento a médio e longo prazo da Albânia, em troca de ganhos políticos de curto prazo", insistiu o chefe da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em Tirana, Eugen Wollfarth.
"Uma CEC totalmente operacional seria o primeiro passo" na direção certa, acrescentou.
"Eu terminei a faculdade de direito, com excelentes resultados, mas não consegui encontrar um emprego. As portas estão trancadas pelo sistema de corrupção", disse Lika Flori, de 28 anos, garantindo votar para a oposição.
Mas para Luljeta Konomi, um economista de 40 anos, o primeiro-ministro Sali Berisha "mudou a cara da Albânia e será o único capaz de levar a Albânia à União Europeia".
Analistas temem que os resultados eleitorais sejam contestados, como tem acontecido desde a queda do comunismo em 1990.
Desde as eleições parlamentares de junho de 2009, a Albânia vive um impasse político. A oposição socialista se recusa a reconhecer os resultados das eleições, denunciado irregularidades.
Os principais adversários, uma coalizão de direita formada em torno de Berisha e uma outra coalizão de oposição liderada por Edi Rama, defendem de forma unânime a adesão do país à UE, bem como a recuperação da economia.
Neste país de 2,8 milhões de habitantes, onde as pesquisas não são credíveis, ambos os lados garantem que irão vencer esta eleição.
Cento e quarenta deputados serão eleitos por representação proporcional para um mandato de quatro anos, entre mais de 7.000 candidatos.
Dois outros partidos menores, o Novo Espírito Democrático, do ex-presidente Bamir Topi, e Aliança Vermelho e Preto, uma formação ultranacionalista que defende a criação de uma Grande Albânia, poderiam cruzar o limiar de 5% dos votos para entrar no Parlamento.
Durante a campanha, Berisha, de 69 anos, que domina o cenário político há mais de 20 anos, procurou atrair os eleitores com a promessa de um aumento de 6% nos salários e aposentadorias.
O desemprego afeta 14% da população, mas de acordo com a oposição, a taxa é superior a 40% nas regiões mais pobres do norte do país.
A dívida da Albânia atinge 62% do PIB e o crescimento econômico em 2012 foi de apenas 1,5%.
Rama, de 48 anos, ex-prefeito de Tirana, apelou aos eleitores para "virar a página da corrupção e da pobreza" do regime de Berisha.
Os colégios eleitorais abriram às 5h00 GMT (2h00 no horário de Brasília) e fecham às 17h00 GMT. Mais de 600 observadores internacionais acompanham as eleições, cujos resultados não oficiais devem ser divulgados na segunda-feira.