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Após extrema-direita vencer 1º turno, centro e esquerda buscam aliança na França

Partido de Marine Le Pen teve 33% dos votos, seguidos por um bloco de esquerda com 28%

Homem arruma bandeiras francesa e da UE na frente do escritório do premiê francês (Foto: AFP)

Homem arruma bandeiras francesa e da UE na frente do escritório do premiê francês (Foto: AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 1 de julho de 2024 às 08h41.

Última atualização em 1 de julho de 2024 às 15h11.

Partidos políticos franceses mais tradicionais apressaram-se a construir uma frente unida com o objetivo de bloquear o caminho para o governo do Reagrupamento Nacional (RN), de extrema-direita, de Marine Le Pen, na segunda-feira, depois da legenda conseguir resultados históricos ao vencer o primeiro turno da eleição legislativa.

O RN e seus aliados venceram o primeiro turno com 33% dos votos, seguidos por um bloco de esquerda com 28% e bem à frente dos centristas do presidente Emmanuel Macron, que obtiveram apenas 20%, mostraram resultados oficiais do Ministério do Interior.

O pleito marcou um enorme revés para Macron, que convocou eleições antecipadas depois que sua chapa foi derrotada pelo RN nas eleições para o Parlamento Europeu no mês passado.

Segundo a Reuters, o RN, com plataforma anti-imigrante e eurocética, observa agora como será uma possível aliança entre outros partidos para saber se conseguirá governar a França.

Os líderes da Nova Frente Popular de esquerda e da aliança centrista de Macron indicaram no domingo à noite que retirariam os seus próprios candidatos em distritos onde outro candidato estivesse em melhor posição para derrotar o RN no segundo turno, marcado para  o próximo domingo.

No entanto, não estava claro se tal pacto seria sempre aplicável se o candidato de esquerda pertencesse ao partido de extrema-esquerda França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon, um dos principais membros da Nova Frente Popular.

O analista da Ipsos, Mathieu Gallard, calculou que o primeiro turno deixou potencial para disputas a três em 306 dos 577 assentos a disputar na Assembleia Nacional francesa, sublinhando a escala da incerteza que ainda persiste.

Embora a chamada “frente republicana” contra a extrema-direita tenha funcionado amplamente no passado, analistas ouvidos pela Reuters. questionaram se os eleitores franceses ainda estavam prontos para votar no segundo turno conforme indicado pelos líderes políticos.

Pária político de longa data para muitos na França, o RN está agora mais perto do poder do que nunca. Le Pen procurou limpar a imagem de um partido conhecido pelo racismo e pelo anti-semitismo, uma tática que funcionou num contexto de raiva dos eleitores contra Macron, num governo marcado pelo elevado custo de vida e preocupações com imigração.

Qual o futuro da França?

O principal cenário alternativo a um governo liderado pelo RN seria um parlamento suspenso, potencialmente tornando a França ingovernável durante o resto da presidência de Macron, que deverá durar até 2027.

Nas manobras que se seguiram à votação do domingo, o primeiro-ministro Gabriel Attal, aliado de Macron, suspendeu os planos para uma reforma que teria reduzido os benefícios aos desempregados - uma medida que pode tornar mais fácil aos eleitores de esquerda apoiarem os aliados do presidente.

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