A vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência Kamala Harris e o ex-presidente dos EUA e candidato republicano à presidência Donald Trump falam durante um debate presidencial no National Constitution Center, na Filadélfia, Pensilvânia, em 10 de setembro de 2024. (Saul Loeb/AFP)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 11 de setembro de 2024 às 00h29.
O debate entre a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, e o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, mobilizou a opinião pública nos Estados Unidos. A menos de dois meses do pleito, essa energia auxiliará as campanhas no convencimento dos eleitores, especialmente nos estados decisivos. Mas para Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, o debate não deve ter efeitos relevantes nas pesquisas eleitorais.
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A influência de debates políticos em cenários de polarização, pontua o professor, são muito baixas há mais de uma década.
"Fiz um estudo e desde o ano 2000 a diferença entre o resultado das pesquisas do começo de setembro e o resultado da eleição tem variado muito pouco, está variado na casa de dois a três pontos percentuais nesses estados críticos que a gente tem acompanhado", afirma.
Por isso, aponta, apesar de o debate mobilizar e gerar audiência e engajamento, deve haver pouca mudança nas pesquisas.
"Não creio que o Trump tenha ganhado um voto, mas muito menos tenha perdido voto com esse debate", diz.
"Percebi que a Kamala Harris fez um esforço maior do que o Trump de tentar falar além da própria base e a gente vai ver se isso vai mexer um pouco naqueles eleitores anti-Trump que ainda não estão dizendo que vão votar na Kamala."
O crescimento nas pesquisas que Kamala Harris teve nas últimas semanas estagnou antes do debate desta terça-feira com Trump.
De acordo com uma pesquisa da Marista Poll para a rede "NPR" publicada nesta terça-feira, Kamala obteria 49% dos votos em nível nacional, enquanto Trump somaria 48%, uma diferença tão pequena que está dentro da margem de erro estatística e, portanto, representa um empate técnico.
Na mesma pesquisa realizada em agosto, a vice-presidente estava três pontos à frente do ex-mandatário, o que mostra que a disputa está apertada. Quando o presidente dos EUA, Joe Biden, desistiu da campanha de reeleição em julho e deu lugar a Kamala Harris, a vice teve um rápido aumento nas pesquisas e passou Trump.
De acordo com a média das pesquisas do portal "FiveThirtyEight", Kamala ainda está à frente de Trump por 2,8 pontos percentuais, mas algumas pesquisas recentes em nível nacional e em estados importantes mostram o republicano vencendo.
Segundo Moura, o debate teve grande audiência no país, cerca de 60 milhões de espectadores, em especial nos estados que serão decisivos: Arizona, Nevada, Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
"A audiência foi na média maior nos sete estados críticos, o que mostra a importância do voto destes estados na eleição", afirma o professor.
Ao acompanhar grupos de republicanos e democratas, Moura avaliou que houve maior inquietação entre os republicanos.
"Os comentários foram que os jornalistas moderadores atrapalharam o desempenho do Trump. No lado democrata, eles ficaram bastante entusiasmados com a forma com que ela se posicionou", diz.
Segundo o professor, que conversou com membros das campanhas ao longo do dia, também ficou claro que não haverá mais debates. "Não é do interesse de nenhum dos dois lados haver mais debates", diz.