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Eleição pacífica gera alívio no Afeganistão

Apesar da ameaça do Taliban, o comparecimento foi de sete dos 12 milhões de eleitores registrados, ou cerca de 58 por cento, segundo estimativas preliminares

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2014 às 14h26.

CABUL/KANDAHAR - A eleição presidencial do Afeganistão chegou ao fim neste sábado trazendo um alívio, já que houve menos ataques de combatentes do Taliban do que o esperado em uma votação que significará a primeira transferência de poder democrática em um país assolado por conflitos há décadas.

"Em nome do povo, agradeço as forças de segurança, a comissão eleitoral e as pessoas que exerceram a democracia e ... viraram outra página na história gloriosa do Afeganistão", disse o presidente Hamid Karzai em declaração na TV.

Devido ao terreno acidentado do Afeganistão, o anúncio do resultado final levará seis semanas. Ainda assim, um dos oito candidatos precisa ter mais de 50 por cento dos votos para evitar um segundo turno com o adversário mais próximo.

"Parabenizo todos os afegãos por esta eleição bem sucedida e histórica", disse o secretário eleitoral Zia-ur-Rahman à medida que a contagem prosseguia. "As pessoas participaram além de nossas expectativas".

Apesar da ameaça do Taliban, o comparecimento foi de sete dos 12 milhões de eleitores registrados, ou cerca de 58 por cento, de acordo com estimativas preliminares, disse o chefe da comissão eleitoral, Ahmad Yousuf Nuristani - número bem acima dos 4,5 milhões que votaram na última eleição, em 2009, uma vez que os eleitores se recusaram a ser intimidados pelos militantes.

"Estou aqui para votar e não tenho medo dos ataques", disse Haji Ramazan na fila de um centro de votação debaixo de chuva em Cabul. "É meu direito, e ninguém pode me impedir".

Os Estados Unidos podem apontar para o avanço democrático em um dos países mais violentos do mundo como um sucesso enquanto se preparam para retirar a maior parte de suas tropas até o final do ano.

Depois de gastar 90 bilhões de dólares em ajuda e treinamento de segurança desde que ajudaram as forças afegãs a derrubar o severo regime do Taliban em 2001, os EUA viram seu apoio para a luta contra o grupo terrorista diminuir.

Durante as eleições deste sábado, houve dúzias de relatos de bombas de beira de estrada, ataques a centros de votação, delegacias e eleitores, mas não houve ataques de grande escala do Taliban, que classificou o pleito como uma farsa apoiada pelos EUA e prometeu impedi-la.

Na província oriental de Kunar, dois eleitores morreram e 14 ficaram feridos, enquanto 14 militantes do Taliban foram mortos. O ministro do Interior, Umer Daudzai, disse que nove policiais, sete soldados, 89 combatentes do Taliban foram mortos nas últimas 24 horas em todo o país, acrescentando que quatro civis também foram mortos.

Muitas pessoas esperavam que a eleição corresse melhor do que a votação caótica de 2009, que deu a Karzai seu segundo mandato. A Constituição impede Karzai de buscar um terceiro mandato, mas depois de 12 anos no poder muitos creem que ele manterá sua influência graças a políticos leais.

Os ex-ministros das Relações Exteriores Abdullah Abdullah e Zalmay Rassoul e o ex-ministro das Finanças Ashraf Ghani são vistos como os favoritos para suceder Karzai.

Se não houver um vencedor claro, os dois melhores colocados disputarão o segundo turno em 28 de maio, estendendo o processo até o mês sagrado do Ramadã, quando a vida quase cessa no país de maioria muçulmana.

ATRASO Um atraso grande deixaria pouco tempo para finalizar um pacto entre Cabul e Washington para manter até 10 mil soldados norte-americanos no paíse depois de 2014.

Karzai rejeitou o pacto, mas os três candidatos melhor classificados prometeram assiná-lo. Sem ele, as forças afegãs, muito mais fracas, teriam que combater o Taliban sozinhas.

As relações de Karzai com os EUA se tornaram cada vez mais tensas nos últimos anos à medida que o número de baixas dos conflitos aumentava, e ele expressou frustração por Washington não pressionar o Paquistão o suficiente para deter o Taliban, que tem suas bases na fronteira entre os dois países.

Embora sua saída seja um ponto de inflexão, nenhum de seus possíveis sucessores trará mudanças radicais, dizem diplomatas.

"É ilusão, acredito, pensar que a eleição será o grande evento transformador que todos esperam", disse Sarah Chayes, especialista do sul da Ásia do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, em uma coletiva de imprensa na véspera do pleito.

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