Duque: candidato favorito fez seu nome como senador por sua forte oposição ao acordo de paz negociado pelo atual governo colombiano (Carlos Julio Martinez/Reuters)
Reuters
Publicado em 15 de junho de 2018 às 18h15.
Bogitá - Colombianos irão escolher entre um discípulo amigável ao mercado de um poderoso ex-presidente e um ex-guerrilheiro de esquerda como novo chefe de Estado no domingo, com o futuro de um histórico acordo de paz e do modelo econômico do país pendurados na balança.
Ivan Duque, escolhido a dedo pelo ex-presidente linha-dura Álvaro Uribe, é visto como vencedor da disputa de domingo, na qual segue em pesquisas de opinião 20 pontos à frente de Gustavo Petro, um ex-prefeito de Bogotá e no passado membro do agora extinto grupo rebelde M19.
Em jogo está a implementação de um acordo de paz de 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que pôs fim a cinco décadas de conflito com o grupo rebelde marxista, e se a quarta maior economia da América Latina irá abandonar sua postura tradicionalmente amigável ao mercado.
"Uma vitória de Duque não significa o final do acordo de paz, mas pode significar que seja reduzido ao mínimo", disse Yann Basset, da Universidade de Rosário. "Uma vitória de Petro provavelmente significa um período difícil de incerteza econômica."
Duque, de 41 anos, fez seu nome como senador por sua forte oposição ao acordo de paz negociado pelo atual presidente, Juan Manuel Santos, que no passado teve Uribe entre seus apoiadores, antes de desentendimento por conta das negociações.
Duque prometeu mudanças ao acordo, que critica como muito leniente com ex-rebeldes. Sua promessa de prender comandantes por crimes de guerra gerou preocupações entre colombianos de que ele pode prejudicar o acordo e fazer com que combatentes voltem às trincheiras.
Petro criticou o acordo, dizendo que ele não resolve profundas desigualdades rurais, mas disse que irá mantê-lo intacto.
Resta ver quais mudanças, se houver, Duque pode fazer ao acordo, que foi confirmado pelo tribunal constitucional.
Quem assumir como presidente em 7 de agosto irá enfrentar um período duro.
A economia de 320 bilhões de dólares permanece fraca, uma nova onda de gangues criminosas de tráfico de drogas se moveu para áreas no passado controladas pelas Farc, e quase um milhão de imigrantes venezuelanos cruzaram para a Colômbia, buscando comida e trabalho.
Embora nunca tenha sido um combatente, Petro pertenceu ao grupo rebelde urbano M19, que se desmobilizou em 1990. Ele tem sido elogiado como um exemplo de como ex-rebeldes podem fazer transição à política, mas seu mandato como prefeito foi criticado e ele não conseguiu conquistar os eleitores de Bogotá no primeiro turno, em 27 de maio.
Ele foi removido do cargo por permitir que lixo fosse empilhado nas ruas de Bogotá quando era prefeito.
"Ele foi um líder muito ruim. Bogotá era muito grande para ele governar; o país inteiro também será", disse Fidel Hernández, de 43 anos, do lado de fora de uma loja de bicicletas onde trabalha em Bogotá.
Seus adversários o acusam de querer transformar a Colômbia na Venezuela socialista, que sofre com uma profunda crise econômica. O político de 58 anos nega seus planos de redistribuir terras para expropriação e diz que o poder ficou muito tempo nas mãos das elites.
As promessas de Petro de aumentar impostos sobre os ricos e aumentar gastos sociais perturbaram investidores, mas há preocupações de que a agenda de Duque de corte de impostos também irá piorar o déficit.