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Eleição na Áustria abre caminho para partido de extrema-direita

O conservador Sebastian Kurz, de 31 anos, venceu o pleito no domingo, mas não obteve maioria no Parlamento - o que deu liberdade aos de extrema-direita

Sebastian Kurz, eleição na Áustria (Leonhard Foeger/Reuters)

Sebastian Kurz, eleição na Áustria (Leonhard Foeger/Reuters)

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Reuters

Publicado em 17 de outubro de 2017 às 11h46.

Última atualização em 17 de outubro de 2017 às 12h34.

Viena - A Áustria deu uma guinada para a direita nas eleições parlamentares de domingo, dando ao Partido da Liberdade (FPO), de extrema-direita, o direito de participar das conversas de formação de uma coalizão com o jovem conservador Sebastian Kurz, que venceu o pleito, mas sem obter uma maioria no Parlamento.

Kurz, líder de apenas 31 anos de idade do Partido Popular Austríaco (OVP), deve se tornar um dos líderes mais jovens do mundo depois de obter a vitória com cerca de 32 por cento dos votos adotando uma postura rígida contra a imigração, o que o aproximou do FPO.

A Áustria foi o portão de entrada de mais de um milhão de pessoas que rumavam para a Alemanha durante a crise imigratória iniciada em 2015, e neste mesmo ano recebeu o equivalente a cerca de um por cento de sua população ao acolher postulantes a asilo.

Muitos eleitores disseram que seu país ficou sobrecarregado e que a crise ajudou a ascensão de partidos de direita.

O resultado deixou o Partido Social-Democrata (SPO), do atual chanceler Christian Kern, em segundo lugar, mas eles podem perder a vaga devido ao número recorde de votos pelo correio -- mais de 889 mil foram enviados e sua contagem será feita até a noite desta segunda-feira.

Um terceiro lugar enfraqueceria o partido na formação de uma coalizão.

A legenda de Kurz provavelmente precisará de um parceiro de coalizão. Uma aliança com o FPO é a opção mais provável, embora Kurz tenha deixado suas opções em aberto.

"Nem uma coalizão com o FPO nem uma com o SPO foi acertada", disse Kurz à emissora ORF quando pressionado para revelar seus planos. "Temos que esperar pelo resultado".

Qualquer coalizão entre dois dos três principais partidos é possível, já que o SPO revogou uma proibição autoimposta a coalizões com o FPO. Mas se o SPO ficar em terceiro é improvável que forme uma aliança com o FPO que tornaria seu líder, Heinz-Christian Strache, o chanceler.

O FPO, que foi fundado por ex-nazistas, mas diz ter rompido com seu passado, teve que expulsar membros diversas vezes devido a escândalos ligados ao nazismo. Seus partidos irmãos no continente são a Frente Nacional francesa e a Alternativa para a Alemanha.

O presidente do Congresso Mundial Judaico, Ronald Lauder, que foi embaixador dos Estados Unidos na Áustria entre 1986 e 1987, pediu que o FPO seja impedido de integrar o governo austríaco.

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