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Eleição fez frente árabe tornar-se maior bloco de oposição em Israel

Frente árabe foi a terceira mais votada, atrás dos dois partidos que disputam a liderança do governo: o Likud, de Netanyahu, e o Azul e Branco, de Gantz

Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, Reuven Rivlin, presidente e Benny Gantz, líder do Azul e Branco: presidente será decisivo para escolher o próximo premiê (Ronen Zvulun/Reuters)

Benjamin Netanyahu, premiê de Israel, Reuven Rivlin, presidente e Benny Gantz, líder do Azul e Branco: presidente será decisivo para escolher o próximo premiê (Ronen Zvulun/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 12h20.

Última atualização em 22 de setembro de 2019 às 12h20.

Os partidos árabes de Israel devem ser o maior bloco não governista do Parlamento --e até liderar a oposição-- se um governo de união nacional surgir das eleições israelenses.

Um aumento na participação de eleitores deu à Lista Conjunta dominada pelos árabes 13 dos 120 assentos do Knesset, o Parlamento israelense. Os arábes tornaram-se assim o terceiro maior grupo, atrás do partido de direita Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, com 31 assentos, e da legenda de centro Azul e Branco (Kahol Lavan, no nome original), de Benny Gantz, com 33.

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, iniciou neste domingo 22 as consultas para decidir quem, entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz, será o responsável por formar um governo de coalizão para retirar o país da estagnação política, após eleições que não tiveram um vencedor com maioria absoluta.

Contando os aliados naturais ou prováveis, Gantz alcançaria até 57 deputados e Netanyahu 55. Nenhum deles tem capacidade de chegar a 61 cadeiras, que representa a maioria absoluta na Kneset (Parlamento israelense).

De qualquer forma, o resultado tornaria a Lista Conjunta o maior grupo de oposição no Parlamento se um governo de unidade entre os dois partidos líderes se formar -- uma possibilidade ainda realista, embora Gantz tenha rejeitado o convite inicial de Netanyahu na semana passada.

Nenhum partido da minoria árabe de 21 por cento já fez parte de um governo israelense. Mas se o chefe da Lista Conjunta, Ayman Odeh, de 44 anos, se tornar líder da oposição, ele receberia informações mensais da agência de inteligência Mossad e se encontraria com chefes de Estado visitantes, entre outras vantagens.

"É uma posição interessante, nunca antes ocupada por alguém da população árabe. Tem muita influência", disse Odeh a repórteres do lado de fora de sua casa em Haifa, uma cidade árabe e judia no norte de Israel.

No entanto, embora a Lista Conjunta seja o maior grupo isolado, outros partidos da oposição juntos terão assentos suficientes para bloquear sua nomeação por meio de uma maioria absoluta, disseram analistas.

"Não há como os outros partidos concordarem em ter Ayman Odeh como chefe da oposição e concederem reconhecimento e legitimidade à nossa comunidade", disse Aida Touma-Sliman, uma parlamentar árabe da facção Hadash, de Odeh.

Os parlamentares árabes frequentemente pedem o fim da ocupação de Israel na Cisjordânia e em Gaza, um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital e o desmantelamento dos assentamentos de Israel na Cisjordânia.

Quem será o próximo premiê

O presidente Rivlin, com um cargo praticamente simbólico, terá um papel político chave nos próximos dias ao designar quem será responsável por formar o governo. Em Israel a tentativa de formar o governo não cabe de fato ao líder do partido que conquista mais cadeiras no Parlamento: a questão é objeto de consultas entre o presidente e os partidos, que recomendam os candidatos.

O presidente não necessariamente é obrigado a escolher o líder político com o maior número de recomendações. Ele pode seguir seu instinto.

Benjamin Netanyahu e Benny Gantz são os favoritos, mas o presidente pode optar por uma terceira via. As consultas devem prosseguir na segunda-feira e uma decisão é aguardada para os próximos dias.

As reuniões com o presidente seguem a ordem dos resultados eleitorais. Os aliados de Gantz são os primeiros, seguidos pelo Likud de Netanyahu, a "Lista Unida" dos partidos árabes israelenses de Ayman Odeh, o partido ultraortodoxo Shass e a formação nacionalista laica Israel Beitenu de Avigdor Lieberman.

Dois homens podem ter um papel essencial: Ayman Odeh e Avigdor Lieberman.

A Lista Árabe de Odeh, terceira força força política de Israel depois das legislativas, já indicou claramente que não apoiaria Netanyahu, mas não manifestou um apoio expresso a Gantz.

Avigdor Lieberman, ex-ministro da Defesa e que já foi aliado de Netanyahu, faz campanha contra os partidos judeus ultraortodoxos, aliados do primeiro-ministro, que acusa de tentar transformar Israel em uma teocracia judaica.

Lieberman, também hostil aos partidos árabes, quer formar um governo de união com o partido "Azul-Branco" de Gantz e com o Likud de Netanyahu, mas afirma que não apoia ninguém ao posto de primeiro-ministro.

Netanyahu joga a sobrevivência política. Depois de arriscar tudo nas eleições de terça-feira, ele pode acabar perdendo a aposta, algo incomum em sua longa carreira política.

E as consultas são ainda mais importantes, já que ele deve ser interrogado pela justiça em outubro por supostos casos de "corrupção, fraude e abuso de confiança". Netanyahu busca obter uma imunidade do Parlamento ante um eventual processo.

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