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EI usa crianças como soldados na Síria, diz Comissão da ONU

Segundo o órgão, as crianças são doutrinadas e chegam até mesmo presenciar execuções


	Membros da minoria yazidi fugindo da violência das forças leais ao Estado Islâmico
 (Rodi Said/Reuters)

Membros da minoria yazidi fugindo da violência das forças leais ao Estado Islâmico (Rodi Said/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2014 às 07h57.

Genebra - A comissão da ONU que investiga os crimes no conflito sírio denunciou nesta terça-feira que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) doutrina crianças na Síria e os obriga a atuar como soldados e até mesmo presenciar execuções.

"O grupo ensina às crianças ideologia sob a fantasia de educação. Elas são treinadas para manejar armas e participam das hostilidades", disse o presidente da comissão, o brasileiro Paulo Sergio Pinheiro, ao apresentar o último relatório do órgão para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Segundo a comissão, o EI chega a usar crianças de 13 anos como soldados. Pinheiro afirmou que o organismo conta com testemunhos confiáveis sobre a presença de menores armados em postos de controle do EI na província de Al-Hassaka, disputada pelo grupo e outras organizações que lutam contra o governo sírio.

A comissão completa neste mês três anos. O órgão foi criado poucos meses depois do início do conflito sírio, que começou como um movimento cidadão pacífico que reivindicava reformas democráticas e que o governo reprimiu por meio da força.

Apesar de outras guerras pelo mundo terem relegado o conflito sírio a um segundo plano no cenário internacional, Pinheiro afirmou que a situação no país "piora dia a dia".

"Acabaram as palavras para descrever a gravidade dos crimes que são cometidos dentro da Síria. Enquanto o número de vítimas aumenta mais e mais, suas histórias e sofrimento ficam ocultas pela extensão da tragédia", lamentou.

Na apresentação oral do relatório de sua equipe ao Conselho de Direitos Humanos, que atualiza com informação dos dois últimos meses a documentação escrita entregue no mês passado, Pinheiro disse que os jihadistas do EI "seguem executando publicamente e de maneira brutal civis, assim como combatentes de outros grupos rebeldes e soldados do governo".

Entre as ações criminosas atribuídas ao EI está o assassinato de civis no campo de gás de Al Shaar, no leste da província de Homs, local que o grupo conseguiu controlar por alguns dias em meados de julho, até as forças governamentais expulsaram seus membros.

A comissão alertou que além das execuções de dois jornalistas e um voluntário ocidentais, que foram muito divulgadas nas últimas semanas, "o EI submete vários sírios a mesma sorte em praças públicas no norte e leste do país".

Os milicianos do EI também assassinaram "centenas de soldados capturados em Al Raqqah em julho e agosto", assim como rebeldes de outros grupos, cujos cadáveres foram expostos publicamente.

Além disso, "foram recebidas informações sobre o assassinato de centenas de pessoas em Al Sheitat (nordeste da Síria)".

Apesar da ação do EI, a comissão responsabilizou o governo sírio de ser o responsável pela maioria das vítimas civis, "mortos ou mutilados todos os dias mediante bombardeios aéreos ou em postos de controle e salas de interrogatórios".

Pela primeira vez, a equipe presidida por Pinheiro anexou ao relatório -o oitavo desde que a comissão começou a funcionar- um documento com os depoimentos detalhados de pessoas que sofreram diversas e gravíssimas violações de seus direitos humanos durante o conflito. EFE

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