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EI aproveita comércio irresponsável de armas, diz Anistia

O Estado Islâmico utiliza armas e munições procedentes de ao menos 25 países


	O fuzil Kalashnikov, conhecido como AK-47: o EI utiliza armas e munições procedentes de ao menos 25 países
 (Brian nairB/Wikimedia Commons)

O fuzil Kalashnikov, conhecido como AK-47: o EI utiliza armas e munições procedentes de ao menos 25 países (Brian nairB/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 06h16.

As transferências irresponsáveis de armas realizadas para o Iraque são a origem do arsenal do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), afirma a Anistia Internacional em um relatório publicado nesta terça-feira.

"O imenso e variado armamento que utiliza o grupo armado ilustra até que ponto alimenta as atrocidades a grande escala do comércio irresponsável de armas", afirma Patrick Wilcken, investigador da Anistia.

"Uma má regulamentação somada à falta de vigilância dos enormes fluxos de armas para o Iraque há décadas têm sido um filão para o EI e os demais grupos armados, que têm tido acesso sem precedentes à potência de fogo".

As armas fabricadas no exterior e capturadas pelo EI quando conquistou a cidade de Mossul, em junho de 2014, foram utilizadas para conquistar outros territórios e cometer crimes contra os civis, destaca a Anistia.

A organização jihadista também capturou importantes volumes de armas no Iraque quando assumiu o controle de bases militares e policiais em Fallujah, Saqlawiya, Ramadi e Tikrit; e na Síria.

As operações lançadas pelas forças governamentais para reconquistar Ramadi, capital da província de Al Anbar, estão sendo frustradas por uma "centena de veículos de combate blindados, incluindo tanques" capturados pelo EI, destaca a Anistia.

O armamento capturado é redistribuído em diferentes frentes: armas obtidas em Mossul estavam duas semanas depois a 500 km da cidade, no norte da Síria.

Sinal de alarme

O EI utiliza armas e munições procedentes de ao menos 25 países, boa parte da Rússia, como o fuzil de assalto Kalashnikov.

Os jihadistas combatem ainda com fuzis Tabuk, de fabricação iraquiana, o americano Bushmaster E2S, o chinês CQ, o alemão G36 e o belga FAL.

O arsenal iraquiano cresceu durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988), no que o relatório descreve como "um momento álgido para o desenvolvimento do mercado global de armas modernas".

O Iraque também foi inundado por armas após a invasão de 2003 liderada pelos Estados Unidos, e este fluxo de armamento prosseguiu com os acordos firmados após a saída das tropas americanas, em 2011.

A Anistia destaca que os países exportadores - incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia) - tinham plena consciência dos riscos da transferência de armas para o Iraque, onde a corrupção é endêmica.

"As consequências, no Iraque e na região vizinha, da proliferação de armas e dos abusos destruíram as vidas e a subsistência de milhões de pessoas e representam uma ameaça permanente", afirma Wilcken.

"As consequências das transferências irresponsáveis de armas ao Iraque e à Síria e sua captura pelo EI devem ser um sinal de alarme para os exportadores de armas através do mundo".

A Anistia pede um embargo total do fornecimento de armas às forças do regime sírio, e uma regra sobre a "presunção de rejeição" da exportação de armas ao Iraque que vincule as transferências a avaliações estritas.

A Anistia pede ainda a ratificação do Tratado sobre Transferências de Armas (TTA) pelos países que ainda não o fizeram, como Estados Unidos, Rússia e China.

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