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Egito inicia campanha para escolher seu novo líder

Ainda não está claro quais serão as prerrogativas do primeiro presidente eleito após a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011

A Junta Militar deixou claro que a redação de uma nova Constituição é imprescindível antes da realização de eleições (Getty Images)

A Junta Militar deixou claro que a redação de uma nova Constituição é imprescindível antes da realização de eleições (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2012 às 17h00.

Cairo - Embora os candidatos tenham começado há semanas sua atividade eleitoral, nesta segunda-feira o Egito iniciou de forma oficial a campanha para eleições presidenciais nas quais os egípcios deverão escolher o guia para a convulsa transição do país.

Falta menos de um mês para a realização do primeiro turno das eleições (23 e 24 de maio), mas ainda não está claro quais serão as prerrogativas do primeiro presidente eleito após a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

A ausência até o momento de uma nova Constituição impede saber se o Egito optará por um sistema semipresidencialista ao estilo francês ou se os Irmãos Muçulmanos, que controlam o Parlamento, estarão tentados a esvaziar a Presidência de conteúdo na Carta Magna, se verem que seu candidato não tem chances de ganhar.

A Junta Militar deixou claro que a redação de uma nova Constituição é imprescindível antes da realização de eleições e da entrega do poder, no dia 30 de junho.

No entanto, desde a queda de Mubarak, o país vive em um constante ataque de nervos que torna imprevisível o desenrolar da corrida eleitoral e de seus resultados.

Três candidatos contam atualmente com as maiores garantias de vitória: o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amre Moussa, o islamita moderado Abdelmoneim Abul Futuh, e o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi.

Há apenas duas semanas, o tabuleiro político continha peças radicalmente diferentes, mas a Junta Eleitoral eliminou da competição alguns candidatos por descumprimento dos requisitos.


Após a exclusão do xeque salafista Hazem Abu Ismail e do ex-vice-presidente Omar Suleiman, os islamitas mais radicais e os nostálgicos do antigo regime ficaram sem seus representantes mais qualificados.

Uma análise superficial indica que o voto laico e anti-islamita, que inicialmente poderia ser para Suleiman, irá parar nas mãos de Moussa, enquanto o voto religioso será repartido entre Abul Futuh e Mursi.

Uma enquete do Centro 'Al-Ahram' para Estudos Políticos e Estratégicos publicada nesta segunda-feira dá a Moussa o primeiro lugar com 41,1% das intenções de voto, seguido por Abul Futuh, com 27,3%.

No entanto, o pouco mais de 3% que Mursi obteria diminui a credibilidade da pesquisa divulgada pelo centro a cada semana, que indicou mudanças bruscas e sobressaltos na corrida presidencial até o momento.

Nas últimas horas, Abul Futuh, que foi expulso da Irmandade Muçulmana no ano passado após se postular como candidato presidencial, recolheu apoios díspares que poderiam reforçar suas aspirações ou atuar como uma armadilha.

Se no fim de semana passado o partido salafista Al Nour decidiu respaldar Abul Futuh como aspirante, hoje ele recebeu o apoio do grupo islamita radical Gama Islamiya.

Em declarações à Agência Efe, o dirigente deste grupo, que até os anos 90 recorreu à violência, Tareq al Zomor, afirmou que a Executiva do partido Construção e Desenvolvimento (braço político da Gama) votou com uma percentagem de 64,36% a favor de apoiar o aspirante Abul Futuh como próximo presidente do Egito.


No entanto, Al Zomor declarou que a decisão 'permanece congelada e só será ativada se não houver um consenso entre as correntes islamitas sobre um candidato único para as eleições presidenciais'.

Junto ao apoio da Gama Islamiya, Abul Futuh recebeu também nesta segunda-feira o respaldo de um dos jovens 'heróis' da revolta de 25 de Janeiro, o executivo do Google Wael Ghonim.

Ghonim, que ficou famoso por criar no Facebook um dos grupos que reanimaram os protestos anti-Mubarak, escreveu nesta mesma rede social que respalda Abul Futuh por várias razões. 'Ele será presidente para todos, nos une e não nos divide', destacou.

A união de islamitas, revolucionários e intelectuais por trás de Abul Futuh lhe outorga por enquanto mais opções que ao próprio Mursi, prejudicado por seu perfil e por seu caráter de 'candidato reserva' da Irmandade Muçulmana, após a desqualificação do autêntico homem forte do grupo, Jairat al Shater.

No entanto, tudo indica que nenhum aspirante poderá ter a maioria absoluta no primeiro turno e deverá acontecer uma segunda rodada de votação nos dias 16 e 17 de junho, que decidirá quem será o encarregado de liderar o país após mais de meio século de governo militar. 

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