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Egito aumenta rigor de políticas a refugiados sírios

O rigor faz parte de uma campanha para evitar a infiltração de jihadistas, em andamento desde que o exército depôs o presidente islamita Mohammed Mursi


	Refugiados sírios: agora eles precisam de um visto e de um documento expedido pelo regime que certifique que eles não representam um perigo para a segurança
 (Safin Hamed/AFP)

Refugiados sírios: agora eles precisam de um visto e de um documento expedido pelo regime que certifique que eles não representam um perigo para a segurança (Safin Hamed/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2013 às 06h35.

Cairo - Cerca de 100 sírios se reúnem em frente às portas da embaixada de seu país no Cairo e o objetivo da maioria deles é conseguir a permissão necessária para que seus filhos consigam voltar às salas de aula com o início de um novo ano letivo.

Obter esse papel não é uma tarefa fácil já que é preciso fazer uma solicitação a autoridades que consideram como terroristas aqueles que se opõem ao presidente Bashar al Assad.

No entanto, não há alternativa desde que o Egito tornou mais rigorosos os requisitos para sírios e palestinos como parte de sua campanha para evitar a infiltração de jihadistas, em andamento desde que o exército depôs o presidente islamita Mohammed Mursi, no dia 3 de julho deste ano.

"Agora estão pedindo permissões sírias para tudo", contou à Agência Efe Mohammed el Omari, que já está há nove horas na rua com a esposa à espera de uma autorização para matricular os dois filhos, de três e cinco anos, na escola.

Vindo da província de Hama, Omari reconhece que sua vida no Egito se tornou "mais difícil", embora não tenha tido problemas de convivência.

No governo de Mursi, apenas o passaporte era suficiente para conseguir e renovar a residência no Egito, mas agora os sírios precisam de um visto e de um documento expedido pelo regime que certifique que eles não representam um perigo para a segurança.

O sentimento de xenofobia contra os sírios também vem crescendo no Egito, agravado pela imprensa local e por setores nacionais que vinculam os refugiados com a Irmandade Muçulmana, partido ao qual pertencia Mursi e que apoia a revolta na Síria.


O jovem Moaz se esforça para passar despercebido. Ele afirmou à Agência Efe que deixou sua pulseira da revolução síria em casa e que baixa a voz quando fala ao telefone para que outras pessoas não consigam identificar seu sotaque.

Mas nem sempre Moaz consegue ocultar a própria nacionalidade. Desde que se mudou com a família para a cidade de Port Said para abrir uma fábrica de refrigerantes, as autoridades egípcias o pararam várias vezes na estrada para o Cairo e o obrigaram a passar horas embaixo do sol "só por ser sírio", garantiu.

"Vim à embaixada porque me disseram que vão me dar o certificado de segurança. Pensava que não iam fazer isso", comentou Moaz, que já havia recebido advertência do governo de Assad por "ter ajudado pessoas a escaparem da cidade de Homs e não ter realizado o serviço militar".

A poucos metros, uma mulher que não quis se identificar aguardava sua vez para conseguir uma autorização de estudo para a filha. Ela afirmou ter todos os documentos regulares e disse que não notou diferenças de tratamento no Egito.

Mesmo assim, ela se mostrou convencida a voltar a sua cidade, que fica perto de Damasco, assim que a guerra acabar. "Lá estamos todos com Bashar", contou.

Dos 300 mil sírios que vivem no Egito, mais de 105 mil estão registrados como refugiados e 19.220 estão na lista de espera, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).


O porta-voz do Acnur, Teddy Leposky, explicou à Efe que antes de julho houve uma onda migratória de sírios que se estabeleceram no Egito, onde tinham algum tipo de vínculo familiar ou laboral e podiam viver com menos dinheiro em um ambiente acolhedor.

Essa situação mudou com a derrocada de Mursi. A nova legislação freou a entrada de sírios, enquanto o Acnur recebe mais solicitações de refugiados.

Segundo Leposky, a campanha midiática contra os sírios, o isolamento social, os ataques físicos e as várias deportações estão afetando essa comunidade.

Pelo menos 146 sírios foram detidos nos últimos dois meses no Egito por estarem, supostamente, em situação irregular ou por cometerem atos violentos, entre outros delitos.

Segundo o porta-voz, outros 165 sírios, 24 deles menores, permanecem detidos por terem tentado ir ilegalmente para a Europa e a Líbia, com a ajuda de máfias.

Em meio a esse fenômeno crescente, duas pessoas morreram esta semana em um tiroteio com a polícia enquanto cerca de 100 estrangeiros tentavam sair de Alexandria em um barco com destino à Itália.

"Cada vez mais sírios querem se refugiar fora de seu país. Só em agosto recebemos 823 solicitações", comentou Leposky ao citar Turquia e Líbano como os dois destinos preferidos.

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