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Egípcios estocam alimentos por temer desabastecimento

País começa a sentir falta de pão e água após sete dias de protestos

Moradores de Cairo temem o desabastecimento por causa dos protestos (Mohammed Abed/AFP)

Moradores de Cairo temem o desabastecimento por causa dos protestos (Mohammed Abed/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2011 às 12h55.

Cairo - O pão e a água engarrafada começavam a se tornar escassos nesta segunda-feira nos supermercados e lojas do Cairo, onde os cidadãos estão começando a estocar alimentos diante do temor de uma grave escassez de alimentos.

"Toda a comida que temos está nas prateleiras", explicou à Agência Efe o encarregado do supermercado Saoudi do bairro de Zamalek, Mohammed Moussa, que acrescentou que o pão e as verduras estão chegando todos os dias, mas que neste domingo deixaram de receber produtos enlatados.

Atrás dele, as prateleiras onde se armazena arroz e macarrão apareciam meio vazias, da mesma forma que a seção de congelados, enquanto os estoques de chá, bebida muito popular no Egito, e de produtos de limpeza eram os menos afetados.

Nas geladeiras da seção de laticínios começavam a aparecer prateleiras vazias e a comida também escasseava no açougue e na padaria.

"Temos alimentos para dois ou três dias no máximo, depois começarão a faltar coisas", relatou Moussa, destacando que garrafas de água e pão são os dois produtos com mais demanda.

De fato, várias padarias do Cairo ficaram fechadas neste domingo e nas demais os clientes começavam a comprar outros tipos de pães e torradas devido à falta do que estão habituados a consumir.

Em frente ao supermercado Saoudi, a estudante argelina Veronique Albes comentava a situação com alguns compatriotas. "Estamos tentando comprar provisões porque não sabemos se o supermercado continuará recebendo mercadoria" disse e, mostrando as sacolas a seus pés, enumerou sua compra: "Arroz, batatas, legumes, carne e frango".

Nas ruas da capital egípcia, a maioria das lojas estava fechada, os bancos não funcionavam e inclusive os quiosques onde se pode comprar desde chocolates e refrescos até cartões de recarga para celular não estavam funcionando.

Apenas os supermercados, as mercearias e algumas farmácias permaneciam abertos, embora algumas áreas comerciais, como um hipermercado da cadeia francesa Carrefour, tenham sido palco de saques nos últimos dias.

Nas ruas, a maioria dos transeuntes carregava sacolas e iam de loja em loja em busca de pão e produtos básicos.

Em uma loja de bairro, o vendedor Abu al Hamid vendia os últimos maços de cigarros e explicava que já não restavam cartões de recarga para celular.

Al Hamid confirmou que o caminhão de entrega de alimentos não chegou nesta segunda-feira, mas assegurou que em sua loja ainda há provisões para alguns dias. "Mas se as pessoas continuarem comprando neste ritmo, não sei quanto duraremos", acrescentou.

Ahmed Yauns, que gerencia um dos poucos postos de gasolina que ainda estão abertos, afirmou que está tendo mais clientes do que o habitual.

Mesmo assim, Yauns se mostrava otimista diante da situação enquanto enchia o tanque de um veículo: "O Egito está bem, tudo vai bem, isto acabará daqui a alguns dias".

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