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Economista Papademos desponta como novo primeiro-ministro da Grécia

Nomeação depende de alguns detalhes sobre o programa e a duração do novo governo de união nacional que ele lideraria para tirar o país da grave crise que atravessa

Maior obstáculo seria o programa do governo de união nacional que Papademos terá que assinar e que inclui a aplicação de medidas de austeridade e reformas para tirar o país da crise (Getty Images)

Maior obstáculo seria o programa do governo de união nacional que Papademos terá que assinar e que inclui a aplicação de medidas de austeridade e reformas para tirar o país da crise (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 20h29.

Atenas - O economista Lucas Papademos desponta como novo primeiro-ministro da Grécia, embora sua nomeação dependa ainda de alguns detalhes sobre o programa e a duração do novo governo de união nacional que ele lideraria para tirar o país da grave crise que atravessa.

"Com aproximação positiva sobre a pessoa do novo primeiro-ministro, foram realizadas hoje as consultas entre Papandreou e Samaras", disse o porta-voz oficial, Ilias Mosialos, em comunicado, após uma rodada de negociações entre o primeiro-ministro demissionário e líder dos socialistas, Giorgos Papandreou, e o dirigente conservador Antonis Samaras.

Grande parte da imprensa grega afirmou que os dois políticos estão de acordo em nomear o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas Papademos como novo primeiro-ministro, mas que este colocou algumas condições para aceitar, as quais ainda serão estudadas, mas deverão ser aceitas.

O maior obstáculo seria o programa do governo de união nacional que Papademos terá que assinar e que inclui a aplicação de medidas de austeridade e reformas para tirar o país da crise.


Também ainda não foi estabelecida a data das eleições antecipadas. Nesta segunda-feira, havia sido anunciado o pleito para dia 19 de fevereiro, mas Papademos quer que ele seja realizado após março de 2012.

Além disso, Papandreou e Samaras precisam chegar a um acordo sobre a repartição das pastas do gabinete. Assim que houver uma decisão, ela será anunciada formalmente nesta terça-feira.

A principal missão do novo chefe de governo, que no caso de Papademos seria um dos mais destacados economistas do país, será adotar o último resgate pactuado com os países da zona do euro para evitar a quebra da Grécia.

Uma vez que Papandreou e seu gabinete apresentem oficialmente sua renúncia ao presidente da República, Carolos Papoulias, fica aberto o caminho para que o Parlamento dê um voto de confiança ao novo Executivo.


Em questão de meses, o novo governo deverá iniciar todas as leis, reformas e medidas necessárias para que a Grécia cumpra os objetivos fixados com a Comissão Europeia (CE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) de redução do déficit e dos gastos públicos.

O objetivo principal é conseguir que o país assuma todos os compromissos, com impopulares medidas de austeridade, do acordo alcançado em 26 de outubro em Bruxelas sobre um segundo resgate financeiro no valor de 130 bilhões de euros até 2014, que inclui a participação dos bancos privados, com 30 bilhões de euros.

Antes de meados de fevereiro, a Grécia deverá receber os primeiros 20 bilhões dessa nova ajuda. O acordo prevê ainda que 50% da dívida do país seja perdoado.

Mas antes o Parlamento grego será convocado para dar seu voto ao governo. O Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok), de Papandreou, e a conservadora Nova Democracia (ND), de Samaras, contam com 153 e 85 cadeiras, respectivamente, do total de 300 assentos da Câmara, por isso a aprovação está garantida.


A situação do país é tão crítica que, ainda sem ter sido formado o gabinete, o vice-presidente do governo e ministro das Finanças, Vangelis Venizelos, viajou hoje a Bruxelas para participar da reunião crucial do Eurogrupo.

O objetivo do ministro grego era tranquilizar os parceiros europeus e obter o sinal verde para a entrega de um lance de 8 bilhões de euros do primeiro pacote de ajudas externas, de que o país precisa para pagar salários e previdência em dezembro.

"Temos uma nova situação política após uma semana difícil, e a formação de um novo governo é uma prova de nossas intenções de erguer o país", disse Venizelos, segundo emissoras de televisão gregas. E os parceiros declararam que é de suma importância que a Grécia recupere sua credibilidade.

Os partidos de esquerda minoritários, entre eles o comunista KKE, a Esquerda Democrática e a Coalizão de Esquerda radical (SYRIZA), disseram que não apoiarão ao novo executivo. Por sua vez, o sindicato de funcionários públicos Adedy anunciou novas greves e protestos.

O chefe do partido de extrema direita LAOS, Giorgos Karatzaferis, declarou que serão "observadores do novo governo", mas deixou aberta a possibilidade de dar apoio com seus 16 deputados no Parlamento de Atenas.

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