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Economia do Haiti terá ajuda de reciclagem

A ONG Viva Rio estuda medidas para ajudar a restabelecer a economia de Porto Príncipe, capital haitiana, devastada pelo terremoto que atingiu a região há quase três semanas.

Escombros poderão ser reciclados; dinheiro da coleta ajudaria haitianos (.)

Escombros poderão ser reciclados; dinheiro da coleta ajudaria haitianos (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Segundo o diretor-geral da instituição, o antropólogo Rubem César Fernandes, que viajou ao Haiti no dia seguinte à tragédia e retornou na manhã de hoje (30) ao Brasil, está em análise a instalação de uma planta de reciclagem de entulho que seria abastecida pela própria população, que receberia uma quantia em dinheiro para levar o material.

De acordo com ele, embora haja dificuldades imediatas muito sérias, para ajudar a reconstruir o país é preciso pensar também a médio e longo prazos. "Falta comida, falta água, mas é preciso pensar também na movimentação da economia, para gerar trabalho e renda para a população e assim reduzir o desespero", disse. "Seria um trabalho tipo formiguinha. As pessoas encheriam os carrinhos e levariam até nós os entulhos que estão por toda parte e nós pagaríamos por isso. Com a reciclagem, daríamos uma valorizada no material e ajudaríamos a movimentar com a economia", completou ele, destacando que considera o povo haitiano bastante criativo.

Fernandes disse ainda que a chegada da estação da chuva, em março, também preocupa os haitianos, em boa parte sem ter onde se abrigar. Por isso, segundo ele, já começou uma corrida por tendas.

"Agora estamos em um período de seca e muita gente ainda dorme do lado de fora. As tendas, eu diria, viraram itens mais cobiçados até do que alimento. E pode ficar ainda pior, porque em março começam as chuvas, que podem ser fortes e costumam alagar tudo."

Ele informou que vai conversar na próxima semana com representantes do Instituto de Arquitetos do Brasil para ver se é possível promover uma aproximação entre profissionais brasileiros e haitianos para pensar a reconstrução do país, preservando a história local, mas usando outros materiais, mais resistentes a abalos sísmicos.

"Lá, tudo é feito de concreto e pedra. Poderiam ser utilizados madeira, ferro e bambu, mais maleáveis, que balançam, mas não caem tão facilmente. Também é preciso repensar a ocupação de encostas, muito mais altas do que as brasileiras", disse.

A ONG Viva Rio, criada no Rio de Janeiro em 1993, mantém há alguns anos um centro comunitário em Bel Air, na região central da capital haitiana com o objetivo de ajudar a sociedade local a enfrentar o crime organizado em gangues que assolam Porto Príncipe desde o fim da ditadura de François e Jean-Claude Duvalier, que comandaram o regime ditatorial entre a década de 1950 e 1985.

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