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E se o Texas virasse um estado 'indeciso' em 2016?

Força da massa de eleitores latinos pode impactar fortemente no cenário político americano ao transformar o Texas, cuja maioria é republicana, em um estado indeciso


	Eleitores latinos podem impactar no mapa político dos Estados Unidos ao transformarem o Texas, tipicamente republicano, em um estado indeciso
 (REUTERS World)

Eleitores latinos podem impactar no mapa político dos Estados Unidos ao transformarem o Texas, tipicamente republicano, em um estado indeciso (REUTERS World)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2012 às 10h36.

Washington -  Os eleitores latinos tiveram um papel-chave nas eleições americanas de 6 de novembro, mas a longo prazo podem provocar uma mudança histórica no mapa político dos Estados Unidos se privarem os republicanos do conforto do seu reduto no Texas e o transformarem em um território aberto nas disputas.

Desta forma, os coordenadores das campanhas já não perderiam o sono por causa dos 18 votos distribuídos por Ohio no Colégio Eleitoral, tradicionalmente vitais para superar os 270 necessários para proclamar-se presidente no sistema americano.

Seriam crucias então os 38 votos do Texas, estado no qual aumentará o número de eleitores latinos, que até o momento têm maior ligação com os democratas do que com os republicanos.

Segundo indica à Agência Efe Bill Burton, ex-porta-voz de Obama e estrategista político democrata, poderia se falar 'não só em um Texas transformado em estado 'indeciso', mas também no Arizona, e pode ser que não em muito tempo, talvez em 2016 ou 2020'.

'Devido à mudança demográfica e a minorias como os latinos, nasceram estados mais competitivos, politicamente falando, como a Virgínia e a Carolina do Norte', lembra Burton.

'Suponho que os republicanos não voltarão a cometer o erro de ignorar os eleitores latinos. Já os democratas seguirão tentando abrir a liderança do partido a eles para manter sua conexão', analisa Burton.

Em 2008, havia 3,6 milhões eleitores latinos no Texas, em 2012 esse número cresceu para 4,3 milhões e, segundo cálculos da organização Latino Decisions, ainda pode haver outros 2 milhões capacitados para votar à espera, ou seja, mais do que a margem de 1,25 milhão que Romney obteve frente a Obama no Texas na última terça-feira.

Se forem sobrepostos os mapas dos condados americanos onde há maior concentração de latinos e onde mais aumentou o voto democrata desde 2004, se obtém uma curiosa coincidência. A conclusão: a comunidade latina está forçando uma mudança histórica nos EUA, o que modificará o panorama político em todo o país.


O Colorado, um território tradicionalmente republicano, agora é um estado 'indeciso' que conta com 14% de eleitores latinos, dos quais 75% votaram em Obama nestas eleições, um status também adquirido por Nevada.

O Novo México, que antes era um estado que podia optar por um presidente republicano ou democrata, agora é território 'azul', a cor dos democratas.

Os dados demonstram que nas eleições de terça-feira os republicanos perderam o apoio da grande maioria dos latinos nos estados-chave como o Colorado, e a falta de conexão com esse contingente impediu o sonho de Romney.

'Romney cometeu graves erros para atrair a população latina, como tentar convencer a sua base conservadora com uma política muito dura sobre imigração. Embora isso possa não afetar um votante hispano-americano, afeta seus familiares e amigos', explica à Efe Joe Householder, especialista em marketing político da organização Purple Strategies estabelecido no Texas.

'O erro que os democratas não deveriam cometer é dar por garantido o apoio dos latinos. A prova disso é que George W. Bush conseguiu um grande apoio hispânico no Texas', observa Householder, que não descarta que o estado possa se tornar 'indeciso' em 2020.

Householder acredita que muitos latinos têm tendência conservadora, porque são religiosos e têm valores tradicionais, algo que deveria ser explorado pelos republicanos.

O sul do Texas é cada vez mais democrata, da mesma forma que populosas área como Houston, e poderia transformar o estado com o segundo maior número de votos no Colégio Eleitoral, atrás apenas dos 55 da Califórnia, em um território de batalha, com campanhas nas ruas, propagandas eleitorais e eventos diários em períodos de eleições.

Ohio, que foi o estado mais visitado pelos candidatos neste ciclo eleitoral, poderia deixar de ser o principal cenário dos atos políticos e de propagandas, e o Texas, um território maior que a Espanha, por exemplo, passaria a fazer parte do tabuleiro.

'Se os democratas querem colocar o Texas em disputa, a primeira coisa que precisam fazer é mobilizar os latinos para que votem; a segunda, algo que também devem conseguir os republicanos, é que suas propostas políticas sejam relevantes para a comunidade', avalia Householder.

Apesar dos fortes conservadores ainda tingirem o Texas de vermelho, o estado pode estar imerso em uma lenta mudança que obrigará os republicanos a fazer uma reflexão mais profunda do que a desencadeada pela derrota de Romney. EFE

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