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Presidente chileno, pressionado, faz balanço de seu governo

Com popularidade em queda e enfrentando protestos contra seu governo, Sebastián Piñera terá que discursar em prestação de contas pública anual

Sebastían Piñera: segundo estudo da Fundação Cidadania Inteligente, só nove das 59 promessas legislativas feitas pelo presidente em 2018 foram cumpridas 100% (Marcelo Segura/Courtesy of Chilean Presidency/Handout/Reuters)

Sebastían Piñera: segundo estudo da Fundação Cidadania Inteligente, só nove das 59 promessas legislativas feitas pelo presidente em 2018 foram cumpridas 100% (Marcelo Segura/Courtesy of Chilean Presidency/Handout/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2019 às 06h09.

Última atualização em 31 de maio de 2019 às 06h33.

O presidente chileno Sebastián Piñera enfrentará plateia difícil na sua próxima prestação de contas ao Congresso de Valparaíso. Neste sábado, 1º de junho, o bilionário vai fazer um balanço público, em cadeia nacional, do seu ano de governo e irá fazer promessas para o que resta de seu mandato, iniciado em 2018. O clima no país não está favorável. Na quinta-feira, 30, aconteceram manifestações em várias cidades chilenas contra seu governo. Sua popularidade, segundo a última pesquisa, caiu para 33%, o número mais baixo desde que assumiu seu segundo mandato em março do ano passado.

Há muita frustração no Chile com a situação econômica atual do país. No primeiro trimestre de 2019, a economia chilena cresceu 1,6%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o banco central do país. O resultado é menor que a alta esperada de 1,8% pelos analistas. Em relação aos números do trimestre imediatamente anterior, o quarto de 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou basicamente estagnado.

Os casos de corrupção nas Forças Armadas, na Igreja católica e na polícia chilena também perturbam a população. Além disso, no último mês, o presidente decidiu levar seus dois filhos, funcionários de uma empresa de robótica que quer entrar no mercado chinês, para uma viagem pela China em uma avião oficial do governo. A viagem foi tema de debate público do país por quase um mês e foi criticada por aliados e opositores. Para tentar defender  a ação do presidente, a ministra e porta voz do governo, Cecilia Pérez, somente disse que autoridades também têm família e que desejam estar com ela sempre que possível. Não convenceu o eleitorado.

Intituladas “nós cansamos”, as manifestações da última quinta-feira, 30, protestaram contra algumas das políticas liberais do governo, em especial a de reforma previdenciária, que tramita no Congresso agora. No Chile, o modelo de capitalização, que é privado, prevê que somente o empregado contribua com a Previdência. A reforma proposta quer aumentar a porcentagem recolhida e incluir o empregador na conta, mas as organizações sociais pedem que o sistema atual seja desfeito excluindo as seguradoras de fundos previdenciários. O modelo chileno é tido como referência pelo ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes.

A administração de Piñera também tem falhado em aprovar seus projetos no Congresso. Como disse Harald Beyer, ex-ministro da Educação do primeiro governo do presidente (2010-2014), ao jornal argentino Clarín, o discurso de que a oposição impede suas pautas nas Casas Legislativas não está sendo mais efetivo como mecanismo de conquista política do eleitorado.

Dias antes da nova prestação de contas pública, a Fundação Cidadania Inteligente divulgou uma nova versão de seu estudo “Do Dito ao Feito”, que analisa o grau de cumprimento de promessas dos governos chilenos. No relatório, foi mostrado que somente nove das 59 promessas feitas por Piñera no ano passado foram cumpridas integralmente.

País referência em crescimento econômico com melhora na qualidade de vida na região, o Chile tem o desafio de encontrar novas frentes de crescimento que contentem uma população cada vez mais exigente. O discurso de Piñera será analisado com lupa.

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