Mundo

Duterte rejeita investigação do TPI sobre política de drogas

Desde 2016 o Tribunal Penal Internacional investiga a sangrenta política de drogas das Filipinas

Os atos que supostamente cometi não são nem genocídio, nem crimes de guerra, disse Duterte (Ezra Acayan/Reuters)

Os atos que supostamente cometi não são nem genocídio, nem crimes de guerra, disse Duterte (Ezra Acayan/Reuters)

share
A

AFP

Publicado em 14 de março de 2018 às 11h56.

Última atualização em 14 de março de 2018 às 12h04.

O presidente filipino, Rodrigo Duterte, anunciou nesta quarta-feira (14) que irá retirar seu país do tratado do Tribunal Penal Internacional (TPI), o qual investiga sua guerra sangrenta contra as drogas.

"Eu declaro (...) que as Filipinas retiram sua ratificação do Estatuto de Roma com efeito imediato", disse o presidente em um comunicado.

No início de fevereiro, a corte com sede em Haia anunciou a abertura de uma investigação preliminar sobre as milhares de mortes atribuídas à "guerra contra as drogas" lançada por Duterte no país após sua eleição, em 2016.

Desde então, a Polícia afirma que matou pelo menos 4.100 supostos traficantes e consumidores de droga no âmbito dessa campanha. Os grupos de defesa dos direitos humanos garantem que o número é três vezes maior do que o total divulgado pelas autoridades.

Acusado de estimular esses assassinatos com suas declarações incendiárias, o presidente filipino manifestou seu desacordo com o fato de a procuradora do TPI, Fatou Bensouda, iniciar uma investigação preliminar sobre o país.

O TPI foi formado em 1º de julho de 2002, após a ratificação do Estatuto de Roma por 60 Estados. São de sua competência jurídica genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade - entre eles extermínio, escravidão, tortura, estupro, perseguições por motivos raciais, étnicos, ou religiosos, deportação e crimes por Apartheid.

As Filipinas ratificaram o Estatuto de Roma em 2011, durante a Presidência de Benigno Aquino, antecessor de Duterte, dando ao tribunal a autoridade para investigar crimes em seu território.

Sem fundamento

Nesta quarta-feira (14), Duterte, um ex-advogado, criticou a investigação preliminar do TPI, alegando que foi "criada com exagero e malícia".

"Parece que o TPI está usando uma ferramenta política contra as Filipinas", alfinetou.

Em seu comunicado, Duterte fala de "ataques sem fundamento, sem precedente e indignativos contra sua pessoa e sua administração".

"Os atos que supostamente cometi não são nem genocídio, nem crimes de guerra", frisou.

Em outubro de 2016, quando Duterte não tinha nem quatro meses na Presidência, a procuradora Fatou Bensouda disse em um comunicado estar "profundamente preocupada" com as informações de mortes extrajudiciais de mais de 3.000 supostos consumidores e traficantes de drogas.

Em fevereiro passado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra pediu às Filipinas que aceitasse a visita de um relator especial da ONU.

Inicialmente, as autoridades filipinas se mostraram dispostas a colaborar, mas o porta-voz de Duterte, Harry Roque, ressaltou que rejeitaria a visita da relatora designada para o caso, Agnes Callamard, que já havia pressionado para a investigação dos homicídios.

Roque afirmou ainda que o TPI não tinha jurisdição no caso, porque o tribunal é considerado uma instância "de último recurso", e as cortes filipinas estão funcionando em sua totalidade.

 

Acompanhe tudo sobre:DrogasFilipinasMortesONU

Mais de Mundo

Catar diz que retomou contato com Hamas após assassinato de líder do grupo

No Brics, Mauro Vieira diz que não haverá paz sem Estado palestino independente

Xi pede cessar-fogo em Gaza e insiste para que guerra no Líbano não seja propagada

Guterres pede paz na Faixa de Gaza, no Líbano e na Ucrânia durante cúpula do Brics